
O adiamento em um ano da Olimpíada de Tóquio impediu um dos maiores problemas que costumam anteceder o maior evento multiesportivo do mundo: a pressa para finalizar as obras nos meses anteriores à abertura dos Jogos. Em 2011, quando restava um ano para o início de Londres 2012, quase 80% das instalações estavam prontas. Para o Rio de Janeiro, segundo informações da agência Reuters, somente 15% das 56 construções olímpicas haviam sido finalizadas faltando 365 dias para o começo das disputas. A edição asiática já vinha em um ritmo de obras acelerado, tanto que entregou todas as estruturas no começo de março de 2020, faltando pouco menos de cinco meses.
As instalações estão separadas em duas áreas, a Heritage Zone, que evoca o legado dos Jogos de 1964, e a Tokyo Bay Zone, que simboliza o futuro da região metropolitana da capital japonesa. Na intersecção das duas zonas, está localizada a Vila Olímpica, que hospedará a maior parte da delegação brasileira.
No total, são 43 locais que sediarão provas das olimpíadas: os oito novos locais permanentes que estão prontos, 25 instalações que já existem e 10 temporárias. Entre as novas estruturas estão o Musashino Forest Sport Plaza, que receberá o badminton e uma das provas do pentatlo moderno; o campo de tiro com arco do parque de Yumenoshima; o Sea Forest Waterway, local das provas de canoagem sprint e do remo; Kasai Canoe Slalom Center, da canoagem slalom; o Oi Hockey Stadium, com os jogos de hockey; a Ariake Arena, que receberá os jogos de vôlei; o Estádio Olímpico de Tóquio, sede da abertura, do encerramento e de outros esportes; e a última estrutura a ficar pronta, o Centro Aquático de Tóquio, local das provas aquáticas de piscina. O centro, com capacidade para 15.000 espectadores, teve custo de US$ 523 milhões — cerca de R$ 2,471 bilhões (cotação quando finalizado).
Ligando o passado ao presente
Uma das estruturas liga os Jogos de Tóquio de 1964 e os de 2021. O antigo Estádio Nacional do Japão foi usado pelos japoneses na primeira vez que sediaram o evento. No processo de candidatura do país asiático para receber a Olimpíada deste ano, foi definido que o antigo estádio seria demolido, pois a capacidade era inferior a 60.000, não tinha cobertura na maioria das arquibancadas, e já estava bastante desgastado. Menos de um ano depois, foi dado início à obra de reconstrução que acabou em 2019.
O novo estádio tem capacidade para 68 mil pessoas, que conta com três andares, bastante inclinados para que mesmo as pessoas que estiverem nos assentos mais altos possam acompanhar com naturalidade as partidas. Além disso, o arquiteto responsável pelo projeto, Kengo Kuma, se preocupou com o calor do verão de Tóquio e projetou uma estrutura para garantir a circulação natural de ar, a fim de amenizar o calor e a umidade para espectadores e atletas. O local será palco de atletismo, rugby e certas finais de futebol, bem como as cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada.
A vila ecológica
Pode parecer perigoso, mas as camas da Vila Olímpica de Tóquio são feitas de papelão reciclado. A organização do evento multiesportivo garante que o material é resistente — a segurança é tanta que eles afirmaram que os móveis aguentam até mesmo o sexo. Gerente geral da Vila Olímpica de Tóquio, Takashi Kitajima, afirmou, ainda no lançamento das camas, que após os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, os objetos vão cumprir seu papel e devem ser novamente recicladas.
— Elas são mais fortes que as camas de madeira. O Comitê Organizador estava pensando em itens recicláveis, e a cama era uma das ideias. Preferimos não destruir as coisas que construímos, mas continuamos a usá-las. Esse é um elemento fundamental para promover a sustentabilidade — disse.
Além dessa novidade, roupas de cama, armários e mesas estarão disponíveis às delegações, mas alguns eletrodomésticos, como geladeiras e televisores precisarão ser alugados por um valor. Os ar-condicionados, por exemplo, serão doados após o evento para as áreas atingidas pelo terremoto e tsunami de 2011.
A Vila Olímpica terá 21 edifícios, de 14 a 18 andares, e irá acomodar 18 mil camas (de papelão) para atletas e funcionários durante a Olimpíada. Cada um dos 3.800 apartamentos pode receber até oito pessoas, com até duas camas por quarto. Após o fim dos Jogos, os edifícios serão convertidos em apartamentos.