A Tocha Olímpica completou, nesta quarta-feira, seu terceiro dia no Rio Grande. O revezamento passou pelas cidades de São Sepé, Caçapava do Sul, Canguçu, Rio Grande e Pelotas. Na quinta, será a vez de São Lourenço do Sul, Camaquã, Guaíba e Porto Alegre.
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União dos fogos
A tradição gaúcha se juntou ao espírito olímpico num momento de culto. A tocha foi acesa com a lamparina que trouxe o fogo desde Olímpia, na Grécia. Na Fazenda do Boqueirão em São Sepé, a jovem Luíza Pires conduziu a Tocha Olímpica até o histórico fogo de chão que arde há 200 anos ininterruptamente no galpão da estância. A menina é neta de dona Gilda Pires, proprietária do local que, por mais de cinco gerações, mantém ardente a chama que virou atração no estado. Para ela, foi o momento mais importante vivido na propriedade.
– Estes dois fogos significam a mesma coisa, a paz e a união, a mesma nossa numa roda de mate ou dos povos numa Olimpíada – afirmou Luíza.
Na rápida passagem da Tocha pela fazenda, houve a recepção por cavalarianos de entidades tradicionalistas e da Brigada Militar e apresentação de música nativista. O forte vento e o frio deram um toque ainda mais típico para o cenário gauchesco e também olímpico.
Cadeirante feliz
O calçamento irregular não impediu que uma cadeirante simbolizasse na sua felicidade o que sentiu a comunidade de São Sepé com a passagem da Tocha Olímpica. A estudante Pamela Dias era só sorrisos sendo conduzida em sua cadeira de rodas. A proteção à Tocha era total, com a menina segurando-a firmemente com as duas mãos. Quando era possível, acenava para os populares que gritavam seu nome.
A mãe de Caçapava
O falecimento do ex-volante Caçapava enlutou sua cidade natal, mas não tirou a família do revezamento da Tocha Olímpica. Ele deveria abrir o percurso em sua terra, no que foi substituído pelo empresário Ronaldo Mota, o "Nati". A grande homenagem ao ex-jogador, porém veio no penúltimo condutor: dona Tereza Melo Lopes, sua mãe, que aos 78 anos caminhou por 200 metros com a fisionomia carregada de emoção. Bem assessorada pelas pessoas da organização do revezamento, ela falou pouco e, ao passar a chama para o corredor Ânderson Henriques, resumiu em duas palavras seu sentimento.
– Estou faceira.
Buracolândia
Destaque negativo total na viagem da Tocha Olímpica para o terrível estado da BR-392 no trecho entre Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista. São verdadeiras crateras na rodovia, que fizeram como vítima um dos micro-ônibus que levam os condutores da chama. No quilômetro 249, um buraco foi o causador do estouro de um pneu do veículo, que precisou ser reparado no local. O motorista, ao ser fotografado, sorria e pedia:
– Fotografem o buraco também. É enorme.
Festa olímpica
A cena se repete em todas as estradas. Mesmo em cidades em que a Tocha Olímpica não tem revezamento, populares, em especial crianças, vão para a beira das rodovias em grupo para simplesmente saudar o símbolo na passagem do grande comboio de caminhões, vans e carros de segurança. Em Santana da Boa Vista, por exemplo, eram dezenas de jovens encarando um frio de menos de 10 graus para festejar a passagem.
A para-atleta e o arrastão
Entre subidas e descidas, com muito frio e chuva fina insistente, Canguçu não se intimidou, fazendo uma verdadeira procissão atrás da Tocha Olímpica até o centro da cidade. A população botou casacos e ponchos para aplaudir, entre outros, a nadadora Luíza Rios. Ela tem 18 anos e é atleta paraolímpica, campeã nacional em sua categoria. Orgulho da família, estava com os pais, seu Quincas e dona Maribel, a avó Cleia e a mana Lais, além de amigas que repetiam a todo o momento que a para-atleta era a mais bonita do revezamento. Nem o forte vento, que fez a chama apagar na hora da passagem e acendimento de sua tocha, fez Luíza desanimar.
– Estou orgulhosa, é uma honra, como ser campeã – definia. O arrastão festivo após o comboio foi o maior visto ate agora no Rio Grande do Sul.
Recorde estabelecido
Desde que foi acesa na Grécia em maio, a Tocha Olímpica nunca tinha se deparado com uma temperatura tão baixa quanto a enfrentada nesta quarta-feira no Rio Grande do Sul.
Nas passagens por São Sepé , Caçapava do Sul, Canguçu, Rio Grande e Pelotas foi difícil saber em qual local fez mais frio ou se teve a menor sensação térmica . Nos termômetros eram registrados seis graus, mas o sentimento com ventos que nos molhes da Barra de Rio Grande atingiam quase 80 km/h é de que se estava abaixo de zero.
No final da etapa de revezamentos uma certeza tinham todos da equipe organizadora que está desde o início junto à tocha:
– Nunca passamos tanto frio.
Imediatamente surgia outra preocupação, a de como será a situação na etapa da Serra, em cidades como Gramado, Canela e Caxias.
Pausa do Exército
É muito dinâmico o processo do revezamento da Tocha Olímpica. O comboio é numeroso, com 21 veículos acompanhando a tocha e mais quatro o antecedendo com as ações de patrocinadores.
Isso sem falar nas 20 motocicletas da Brigada Militar. Ao todo são mais de 100 pessoas envolvidas ao mesmo tempo, um verdadeiro batalhão. Além disso, a movimentação praticamente não para. Existe apenas um momento de não mais de uma hora para almoço.
Os locais são pré-determinados em restaurantes à beira das estradas onde todas as pessoas fazem a refeição e o estacionamento fica lotado com os mais variados tipos de transporte.