Dois atletas brasileiros já sabem que precisarão conviver com a pressão: Alison e Bruno. Melhor dupla do mundo em 2015, os representantes do país no vôlei de praia, ao lado de Evandro e Pedro Solberg, são apontados como fortes candidatos ao lugar mais alto do pódio.
Felizes com a confiança depositada sobre a dupla, ambos fazem uma ressalva: pelo que vêm sentindo no ambiente de competição, não é possível garantir nada além de motivação, planejamento e trabalho nas areias.
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Para Alison, existe hoje um top 10 no vôlei de praia masculino. Sem dificuldade, aponta uma série de países com condições de alcançar o ouro no Rio: brasileiros, holandeses, poloneses, alemães e americanos estão na lista. O que, ainda assim, não é suficiente para garantir quem serão os medalhistas em agosto, no Rio.
Recordando o histórico recente das Olimpíadas, Alison lembra que as últimas três edições ficaram marcadas por surpresas. A última delas, em 2012, foi a dupla da Letônia, que conquistou o bronze.
Confira a entrevista com a dupla brasileira do vôlei de praia:
Como vocês encaram este momento da preparação para os Jogos?
Alison – É uma reta final. Faltam quatro meses, então a motivação está maior ainda, e o foco está cada vez maior. Estamos contendo cada vez mais a ansiedade, fazendo treinos fortes, realmente chegando perto do que a gente sempre sonhou.
A preparação é diferente?
Bruno – No vôlei de praia, você joga o ano todo. No meio da temporada, tem o Circuito Mundial, então você se cuida muito. Tem de treinar constantemente, tem de ter contato com bola sempre, precisa estar com a prática bem apurada. Nossa prioridade é sempre o meio do ano, e agora com os Jogos Olímpicos a gente está prorrogando o auge da preparação. Já deveria estar em maio na melhor maneira possível, mas vamos prorrogar isso para estar melhor no Rio. Não tem como pisar no acelerador de janeiro a dezembro, você vai perdendo potência.
Os brasileiros contam bastante com uma medalha de vocês. Como é conviver com essa carga?
Bruno – Nosso país é um pouco carente, cada medalha conta. Ficamos muito felizes com a confiança que colocam na nossa dupla, só que a gente é ciente de que o ano passado foi bom, mas já passou. Todas duplas classificadas têm peso. Em um torneio só, no vôlei de praia, tudo pode acontecer. No Rio, mês passado, uma dupla do quali (os poloneses Bartosz Losiak e Piotr Kantor) ganhou o torneio, quando ninguém apostava neles. Portanto, todos que estão em um momento bom podem surpreender.
Alison – A primeira coisa que falo: têm comentaristas que não estudam o Circuito Mundial. Obviamente vão falar que somos candidatos pelos títulos individuais, de Copa do Mundo, de equipe. Mas, se parar para pensar, já apareceram em decisões holandeses, poloneses, o time do Dalhausser (dos Estados Unidos). São pessoas que não levam em conta a evolução do esporte. Brasileiros vêm se naturalizando no Catar (caso de Jefferson Santos) e outros países, então hoje existe um top 10. Sem pensar muito, temos Holanda, Itália, Brasil,Estados Unidos, Letônia, Polônia, que vêm crescendo, Rússia, Alemanha. E todas têm totais condições de subir ao pódio. Sempre alguém surpreende na Olimpíada. Tivemos a Letônia (como bronze) em 2012, tivemos os brasileiros naturalizados em 2008 (Renato e Jorge, que representaram a Geórgia e perderam a disputa do bronze para Ricardo e Emanuel), Herrera e Bosma (espanhóis, que ficaram com a prata) em 2004.
Você destacaria o que no seu parceiro?
Bruno – O Alison tem uma força física excepcional, é um bloqueador muito alto (2m3cm), embora hoje em dia ele já seja considerado normal, por incrível que pareça. Ele não cansa, é muito intenso e tem muito respeito.
Alison – Meu parceiro é fora de série, fora da curva. Tem 1m85cm e sobressai contra atletas de 2m para cima. Lê o adversário muito bem, é muito inteligente, sabe o que quer. Ele merece o posto de melhor do mundo. Quando convidei ele para jogar, acreditou muito na gente. Ele é decidido, sabe o que quer e não fica em cima do muro.
Há muita tietagem com vocês aqui no país?
Bruno – Longe do exagero do futebol. Mas o Alison é alto, capixaba, jogou Pan, Olimpíada. É fácil reconhecer. Aqui no Espírito Santo o pessoal gosta muito de vôlei, eles passam dando força.
*ZHESPORTES
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Renan Turra
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