Quem não quer vencer? Crescemos ouvindo, sendo estimulados - alguns pressionados, é verdade - a buscar a vitória, seja na escola, na profissão ou nos relacionamentos pessoais. Conseguir colocar a medalha no peito é que são elas. E, a partir do dia 5 de agosto, quando a bandeira com os cinco arcos olímpicos estiver hasteada no Rio de Janeiro, vai haver uma inflação positiva de histórias de superação e sucesso capazes de também nos inspirar.
Precisamos dessas injeções de ânimo. E, antes que venham com o lugar-comum do esporte como "ópio das multidões", é preciso virar o disco - Ok, sou da época da Pedra Lascada e, por isso, uso essas expressões antigas; vou melhorar -, atualizar o discurso. Na era do acesso fácil a tantas formas de informação, cada um de nós é repórter, produtor, apresentador e comentarista em potencial, pasmar em frente à tela com aquelas provas plásticas e encantadoras da ginástica rítmica desportiva ou ver a gana na hora de atacar uma bola de fundo no vôlei não nos fará esquecer a poluição na Baía da Guanabara, a Lava-Jato ou a conta de luz.
Confira o calendário olímpico até os Jogos Rio 2016
Por trás da face crispada e do olhar fixo de um competidor está, invariavelmente, a resiliência em sublimar todo o tipo de obstáculo: da leucemia no caso do ex-atacante de vôlei Giba à infância como órfão de mãe e lavador de carros aos sete anos como ocorreu com o triplista João Carlos de Oliveira, o João do Pulo. Giba conquistou a sonhada e dourada medalha olímpica de ouro. E João assegurou o bronze duas vezes e foi o dono do recorde mundial da modalidade durante incríveis 10 anos. E há as histórias de quem não encarou situações-limite, mas driblou "apenas" o esperado para um atleta, como treinar, treinar, comer, se hidratar e dormir corretamente, treinar, treinar e treinar. E rezar.
Conhecer e valorizar trajetórias com esta teimosa determinação em ir além de tudo, inclusive de si mesmos, nos emociona, nos humaniza. Nem que seja por osmose, a gente incorpora o lema olímpico: citius, altius, fortius. Em latim, português ou na língua de qualquer uma das mais de 200 nações que estarão representadas no Rio, todos precisamos ser rápidos, altos e fortes. Não precisa nem ser para vencer. Se pudermos ter momentos mais felizes já é o pódio de cada um?
*ZHESPORTES
De Fora da Área
Cátia Bandeira: A Olimpíada de cada um
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: