Vencedor dentro e fora das piscinas. Gustavo Borges, um dos maiores atletas que o Brasil já teve, está no Rio Grande do Sul para uma série de atividades. O ex-nadador conversou na tarde desta quinta-feira com alunos em uma academia de Sapucaia do Sul, Região Metropolitana de Porto Alegre.
Com grande didática e humildade, o detentor de quatro medalhas olímpicas contou como a dedicação e a excelência no trabalho podem ser essenciais para uma carreira de sucesso no esporte e também em outras áreas da vida.
Após primeira fase de pedidos de ingresso, 65% de torcedores são contemplados
No início da visita, Borges realizou uma conversa rápida com os alunos da academia, respondeu às perguntas e, logo após, tirou fotos.
- Eu queria ser pitolo de Fórmula 1, mas meu pai disse que não podia. Também queria fazer hipismo, mas meu pai disse que o cavalo ia sair andando e eu ia ficar em pé - contou, brincando com os seus 2m03cm de altura.
Foto: Lauro Alves/Agência RBS
Débora Pradella: o que sobrou da Geração 2016
Após a aposentadoria, Borges iniciou um empreendimento voltado para a formação de atletas. O método Gustavo Borges é utilizado por academia e escolas espalhadas por todo o país. Entre os muitos questionamentos feitos pelas crianças, que prestavam atenção em cada palavra do ídolo, um era sobre o número de medalhas que o ex-nadador havia conquistado em toda sua carreira. Com muita humildade, Borges respondeu:
- Tenho cerca de 600 medalhas, sendo que um terço deles é de ouro. Então seriam aproximadamente 200 medalhas de ouro - revelou.
"Ganhar uma medalha olímpica virou a minha grande meta", afirma Marcelo Melo
Após a sessão de fotos e antes de visitar mais três escolas na região, Gustavo Borges atendeu a reportagem da Zero Hora e contou suas expectativas para a natação no Jogos do Rio em 2016.
Como vai ser acompanhar esta Olimpíada no Brasil como comentarista?
Vai ser legal! Estamos fazendo um treinamento bastante intenso, temos uma expectativa muito grande para a Olimpíada aqui no nosso país e a Globo como sempre faz um trabalho fantástico. A gente espera uma competição interessante do ponto de vista de transmissão e do telespectador. A expectativa é muito boa.
A pressão de disputar uma Olimpíada em casa, ser o centro das atenções da mídia e torcida, pode prejudicar na hora das provas?
Eu acho que pode tanto ajudar quanto atrapalhar, depende da preparação de cada atleta e das pessoas que estiverem envolvidas. A preparação física já é uma coisa comum para o atleta, o psicológico tem sido mais comum ultimamente. Mas como vai ser no Brasil e vai ter uma pressão maior, quem não estiver preparado nesse quesito vai estar fazendo alguma coisa errada na preparação. Então a expectativa é de que todos se preparem fisicamente e também no aspecto psicológico.
Quem são os atletas que você destacaria que devem brigar por medalhas ou que podem surpreender em 2016?
Na natação, temos os velocistas o Bruno Fratos e o Cesar Cielo, que é um campeão olímpico. Nos 100m livre tem o Matheus Santana, um grande atleta que está tendo resultados bastante interessantes. O 4x100m nado livre é uma prova em que o Brasil tem chance de disputar medalha. Então, eu acho que os velocistas, principalmente nas provas dos 50m e 100m, vão ter uma presença boa para disputar medalha.
Ver a natação como um dos esportes mais procurados para a compra de ingressos te surpreende? Ou o público brasileiro sempre teve esta identificação com o esporte?
Não me surpreende. A natação sempre foi, junto com o atletismo, um evento muito concorrido. Até eu fui sorteado (risos), fiz vários pedidos no sorteio e consegui. Eu estou fazendo uma programação para a minha família e como eu vou estar com a Globo, não vou ter muitos problemas para assistir aos Jogos. Mas a família inteira vai poder participar. E a natação sempre foi muito concorrida, todo o dia tem medalha. Então, é muito divertido.
Nos últimos 15 anos, o Brasil só está atrás da China no número de casos positivos de doping na natação. Você acredita que isso indica uma certa displicência de atletas ou um uso intencional para melhorar a performance?
Eu acho que tem de tudo aí. Tanto na questão de alguém querendo tirar vantagem, quanto displicência. A lupa está muito mais próxima do atleta. Chega a ser um pouco neorótico a preocupação com que o atleta está ingerindo. Alguns remédios que você toma para dor de cabeça, se tomar na hora errada, pode sair no exame. Mas, no doping, você é culpado até que você se prove inocente, e as substâncias que estão presentes por aí, teoricamente, todos deveriam saber e não utilizar de nenhuma forma. Casos acontecem, você dá o beneficio da dúvida para alguns. Mas, realmente, os casos são muitos e seja por displicência ou a busca do resultado, ambos os casos têm de que ser analisados para que isso não aconteça.
Agora você atua como empresário e viaja o país dando dicas de sucesso. Que ensinamentos que a natação/esporte te passou e que você usa até hoje?
Acho que a disciplina, dedicação e a força de vontade são ensinamentos muito importantes na hora de você ter um resultado. Quando você está buscando um sonho, a questão do trabalho do dia a dia e da excelência é o grande ensinamento que o esporte traz e que pode ser utilizado em qualquer lugar de nossas vidas.
*ZHESPORTES
Entrevista
"Os velocistas vão fazer boa presença na disputa por medalhas", diz Gustavo Borges
Em visita ao Estado, o ex-nadador fala sobre as expectativa da natação para os Jogos Olímpicos no Brasil
GZH faz parte do The Trust Project