
Kirsty Coventry terá um desafio tão grande quanto o paradigma quebrado por ela ao ser eleita presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI). A ex-nadadora do Zimbábue é a primeira mulher a comandar a entidade.
Coventry também quebra outro eixo do Movimento Olímpico. Pela primeira vez a chefia do COI não estará a cargo de um europeu.
Seu mandato de oito anos terá início em 23 de junho, quando será empossada. Nesse período, terá que encontrar soluções para inúmeros problemas.
A seguir, Zero Hora elenca os cinco maiores desafios de sua gestão.
Encontrar cidades interessadas em sediar os Jogos

Foi-se o tempo em que choviam cidades sonhadoras de receber o maior evento do esporte mundial. O ambiente para sediar os Jogos Olímpicos se tornou mais árido e com cada vez menos pretendentes.
Com diversas cidades abdicando da candidatura, o COI definiu em julho de 2017 duas sedes de uma única vez. Paris virou a casa da edição de 2024 e Los Angeles em 2028.
Para 2032, a escolhida foi Brisbane em um processo sem concorrentes. Até o momento, Nusantara, na Indonésia, Istambul, na Turquia, Santiago, no Chile, e a Índia têm interesse em receber as Olimpíadas de 2036.
O que leva ao segundo desafio.
O tamanho dos Jogos e sua sustentabilidade

As Olimpíadas ficaram grandes e caras, parte do custo cresce exponencialmente devido ao forte aparato de segurança.
A combinação levou ao afastamento de interessados em receber o evento. A imensidão do custo e do trabalho de receber o mundo todo em um mesmo lugar elevam as dificuldades e diminuem a chance de lucro líquido para as sedes.
Mega-cidades, Paris e Los Angeles tinham parte dos equipamentos necessários para receberem as modalidades. Os construídos, em sua maioria, foram arenas temporárias, diminuindo custo e aumentando a sustentabilidade do evento.
Atualmente, as Olimpíadas contam com a participação de cerca de 10 mil atletas. Ainda há imprensa e turistas movimentando a cidade-sede.
A grande quantidade de pessoas convergindo para um mesmo lugar e as inúmeras obras de infraestrutura elevam a emissão de poluentes. Aumentar a sustentabilidade dos Jogos também estará na pauta de Coventry.
Algumas ideias surgiram para diminuir o impacto ambiental das Olimpíadas e o tamanho do fardo anfitrião foram apresentadas nos últimos tempos.
Uma delas de Morinari Watanabe, concorrente de Coventry no pleito. Sua intenção era realizar os Jogos simultaneamente em cinco cidades, uma por continente, com uma transmissão contínua via streaming.
Reintegração da Rússia

A Rússia, como país, ficou de fora das últimas duas edições dos Jogos. Em Tóquio, o país foi suspenso devido a um escândalo de doping envolvendo atletas do país. Os russos competiram sob a bandeira do Comitê Olímpico Russo.
Em Paris, a situação foi mais delicada. O país foi punido pelo envolvimento com a guerra na Ucrânia. Permitiu-se a participação de alguns atletas sob a bandeira dos Atletas Neutros Individuais.
A Rússia é uma potência esportiva e ter atletas do país nas Olimpíadas é um atrativo. O desafio é contar com eles no ano que vem, quando ocorrem os Jogos Olímpicos de Inverno.
A inteligência artificial e o Movimento Olímpico
A inteligência artificial esteve presente nos Jogos Olímpicos de Paris. A tecnologia atuou no aprimoramento da transmissão de imagens, na proteção de atletas contra o cyberbullying, entre outros.
O COI terá a missão de dimensionar a interseção da inteligência artificial nos Jogos. Será que, no futuro, ela poderia avaliar a performance de atletas em modalidades envolvendo notas, como ginástica artística, surfe e saltos ornamentais. Será que isso será permitido?
Atletas transgêneros e diálogo com Trump

Os Jogos Olímpicos de Los Angeles estão a pouco mais de um ano de sua abertura. Período em que Coventry terá de dialogar, e muito, com o presidente americano Donald Trump. Entre os pontos mais delicados está a inclusão de atletas transgêneros ou não-binários nas Olimpíadas.
Desde o seu retorno à Casa Branca, Trump tomou diversas medidas contra pessoas trans. Entre elas, decretou em fevereiro que proíbe que atletas transgênero participem em esportes femininos.