
O Palmeiras promete lutar pela exclusão do Cerro Porteño da Libertadores sub-20. A presidente do clube paulista, Leila Pereira, afirmou isso nesta sexta-feira (7), um dia após o caso de racismo sofrido pelo atacante Luighi, 18 anos, durante a partida entre as equipes.
— Vamos requisitar a exclusão do Cerro Porteño da competição. Porque não é a primeira vez que esse clube ataca nossos atletas, nossos torcedores — afirmou a presidente, em entrevista coletiva, antes da apresentação do atacante Vitor Roque.
Leila também fez criticas à arbitragem por não paralisar a partida no momento em que o jogador foi atacado por um torcedor que estava na arquibancada.
Sobre os outros casos de racismo praticado pelo Cerro Porteño, a presidente se refere a episódios que aconteceram em 2022 e em 2023.
O primeiro caso aconteceu quando torcedores imitaram macacos na direção dos palmeirenses.
No ano seguinte, os atletas foram chamados de macacos, e Bruno Tabata, atualmente no Inter, que revidou a agressão, recebeu quatro meses de suspensão. O clube tentou reverter a punição e não conseguiu.
Cobranças à Conmebol
Ainda não há definição se o pedido de exclusão será apenas da Libertadores sub-20 ou de todas as competições. Os advogados do Palmeiras trabalham com a CBF para entender medidas cabíveis e efetivas que possam ser aplicadas.
— Eu tentei falar com o presidente da Conmebol e não consegui. A Conmebol está sendo muito displicente em relação a esses fatos — disse.
Leila acompanhou a partida pela TV e contou que após o pronunciamento conversou com o coordenador da base do clube, João Paulo Sampaio, e com Luighi.
Ela parabenizou o jovem atleta pela força e coragem, além de dizer que irão até as últimas instâncias por punição.
— É um menino. Fiquei extremamente comovida, chateada e raivosa. Mas essa raiva tenho que expor de forma civilizada. Se esses criminosos não são civilizados, temos que ser.
A Conmebol disse que medidas disciplinares serão implementadas, e que outras ações estão sendo avaliadas com especialistas da área.
A CBF, por sua vez, disse que representará à Conmebol cobrando "rigor nas punições".
Entenda o caso de racismo
Luighi foi alvo de cusparadas dos torcedores rivais no Estádio Gunther Vogel, e disse ter sido chamado de macaco ao ser substituído.
Pelas imagens da transmissão da TV, foi possível ver um homem com uma criança no colo imitando o animal, provocando os brasileiros.
Ao final do jogo, o jovem atacante chorou e deu uma entrevista comovente. Ele interrompeu o repórter, que introduzia uma pergunta sobre a partida, e disse:
— É sério isso? Vocês não vão perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo? É sério? Até quando a gente vai passar isso? Me fala... até quando a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Vocês vão perguntar sobre o jogo mesmo?
— A Conmebol vai fazer o que sobre isso? CBF, sei lá. Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram foi um crime comigo, pô. A gente é formação. Aqui é formação, pô. A gente está aprendendo aqui — completou.
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Os atos racistas se iniciaram após o Palmeiras fazer seu terceiro gol contra o Cerro Porteño, por volta dos 35 minutos do segundo tempo.
Apesar dos atletas do time brasileiro terem mostrado ao árbitro da partida o que estava ocorrendo na arquibancada, o jogo continuou normalmente até o final e a equipe alviverde venceu por 3 a 0.