
O Paraguai está na Copa do Mundo. Não na de 2026, ainda falta assegurar a classificação, mas na de 2030, situação bem mais improvável. A escolha dos paraguaios como uma das seis (isso mesmo, SEIS!) sedes do Mundial de 2030 representa a força política de Alejandro Domínguez como presidente da Conmebol.
Sua habilidade nos bastidores surge tão forte quanto a sua frase polêmica mais recente. Na semana passada, após o sorteio dos grupos da Libertadores e da Copa Sul-Americana, Domínguez foi questionado sobre a possibilidade de os clubes brasileiros não participarem no futuro das competições continentais. Com um sorriso nos lábios, disparou:
— Isso seria como Tarzan sem Chita. Impossível.
O dirigente está à frente da Conmebol desde 2016. Em 2022, foi reeleito. Seu atual mandato vence em 2027. Nessa década no comando da entidade regente do futebol sul-americano, ele se viu envolto em decisões polêmicas.
Uma delas aconteceu na final da Libertadores de 2018. Após confronto entre torcedores de Boca Juniors e River Plate antes da segunda partida da final da edição daquele ano, o confronto decisivo foi adiado e jogado em Madri, capital espanhola.
A Espanha, ao lado de Portugal e Marrocos, será uma das sedes, digamos, fixa da Copa de 2030. Argentina, Uruguai e Paraguai receberão uma partida cada — as três primeiras do torneio.
A vinculação com a gerência esportiva de Domínguez conecta-se com o pai dele. Oswaldo Domínguez Dibb foi presidente do Olimpia, levando o clube paraguaio a três títulos da Libertadores, além de ser o fundador do jornal La Nación.
Carreira como dirigente
O atual presidente da Conmebol teve duas passagens como diretor do Olimpia. Fez parte da diretoria nos anos 1990. Depois, entre 2004 e 2006, foi vice-presidente.
Seu próximo passo foi assumir a Federação Paraguaia de Futebol, primeiro como vice-presidente e depois como figura central da entidade. Assumiu a Conmebol em 2016, após ser aclamado pelas 10 confederações da América do Sul.
A frase sobre os brasileiros não foi sua primeira polêmica em um sorteio da Libertadores e da Sul-Americana. No evento do ano passado, não se constrangeu em homenagear o próprio pai. Sua mãe subiu ao palco durante a solenidade.
Apesar da vivência no futebol desde tenra idade, Domínguez, 53 anos, tem sua formação desconectada do esporte. É graduado em Economia pela Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.
A polêmica com os brasileiros
Depois da frase sobre os brasileiros, Domínguez se desculpou. "A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém", escreveu em uma mensagem na rede social X.
O questionamento para a resposta dada por Domínguez sobre a ausência de brasileiros se deu após uma manifestação de Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Ela sugeriu que os clubes brasileiros deveriam abandonar os torneios organizados pela Conmebol pela falta de punições exemplares contra o racismo.
A manifestação de Leila foi uma critica em relação à postura da Conmebol no caso de racismo sofrido por Luighi, atacante do sub-20 do Palmeiras durante o jogo da Libertadores da categoria, no Paraguai.