A promotora Marta Durántez reafirmou nesta quarta-feira que o beijo de Luis Rubiales na jogadora Jenni Hermoso, na premiação da Copa do Mundo de 2023, não foi consentido. A representante do Ministério Público espanhol reforçou declarações anteriores e também questionou o perito contratado pela defesa do ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol.
"Não houve pergunta, não houve resposta, houve surpresa", argumentou a promotora, de acordo com o jornal espanhol Marca. Ela rebateu, assim, declarações do próprio Rubiales, durante o sétimo dia do julgamento na capital espanhola. "Perguntei-lhe se lhe podia dar um beijinho e ela disse 'OK'", afirmou Rubiales, na terça-feira. "Tenho certeza absoluta (que ela deu o consentimento)."
Réu no caso, o ex-dirigente esportivo apresentou o testemunho de um perito em leitura labial, em sua defesa. David Morillo afirmou que Rubiales perguntou a Hermoso: "Posso te dar um beijinho?".
As informações apresentadas pelo perito foram questionadas pela promotora. "A lei melhorou em vários aspectos, mas ainda há muito espaço para melhorias nessa área", disse Durántez.
Ela também rebateu vídeos exibidos pela defesa na terça. Neles, Hermoso aparece celebrando o título conquistado pela Espanha no Mundial e também fazendo declarações sobre o beijo. E afirmou que Hermoso não precisava agir como "heroína" após receber o beijo não consentido. "Para provar o que aconteceu, tive de perguntar a ela várias vezes: 'Por que ela estava rindo? Por que ela estava comemorando? Por que ela estava bebendo champanhe? Até quando vamos pedir à vítima que se comporte de forma heroica?"
Durántez, Hermoso e a associação de jogadores da Espanha querem que Rubiales seja preso por dois anos e meio, multado em 50 mil euros (cerca de R$ 300 mil) por danos e proibido de trabalhar como autoridade esportiva. O ex-dirigente é acusado de assédio sexual e também de coação, por supostamente ter feito pressão em Hermoso para que ela admitisse que o beijo havia sido consensual.
Depois do polêmico episódio, Rubiales passou a sofrer pressão interna e externa, até mesmo do governo, para renunciar ao cargo. Ele acabou deixando a função de presidente da federação três semanas depois do escândalo e foi suspenso pela Fifa por três anos. Ele disse que foi vítima de uma "caça às bruxas" e de "falsas feministas".