Se uma carreira pode ser resumida em 60 segundos, Fábio Rampi sintetizou seu currículo em um minuto no domingo (24) ao ser o principal nome do São José no título da Copa FGF. O goleiro abriu a decisão por pênaltis convertendo a primeira cobrança da equipe. Saiu da marca da cal e foi para debaixo das traves parar o primeiro chute do Ypiranga. Ainda defendeu a quarta cobrança do adversário, selando a vitória por 4 a 2, após o 1 a 0 do tempo normal. Um santo do Zeca que opera milagres com os pés e as mãos.
Bebeto, o Canhão da Serra não aquele da Seleção, Badico, Sandro Sotilli. É nessa lista de ícones do futebol do interior gaúcho, no senso futebolístico e não geográfico, que Fábio, 35 anos, se imiscuiu nos últimos anos. Um grupo que alia longos serviços prestados ao futebol pampeano. No caso do goleiro do São José, são 14 anos de Gauchão, entre outras competições.
A maioria deles vividos no Passo D'Areia. Afora o início da carreira no Cruzeiro-RS e duas rápidas passagens pelo São Luiz, a história de Fábio e São José se confundem desde 2015.
— Cheguei em um momento de difícil, pois estava um tempo sem jogar. O São José abriu as portas. Sempre falo da minha gratidão por essa oportunidade. Desde então, são quase 10 temporadas com o clube onde me sinto muito bem, um clube organizado e com pessoas que vivem pelo São José — destaca o goleiro artilheiro.
Cobranças de pênaltis e faltas
O goleiro é o jogador com mais partidas pelo clube da Zona Norte da Capital na Era moderna, a partir da reabertura do departamento de futebol em 1990. Ano que vem, durante o Gauchão, se tudo sair dentro do planejado, atingirá a marca de 400 partidas sob as traves com a camisa zequinha. O título da Copa FGF foi o seu jogo de número 393.
A função dupla começou em 2017. Primeiro nas cobranças de pênalti. Depois aumentou a distância e foi colocada uma barreira no caminho. Nada que fosse intransponível.
— Estávamos com dificuldade nas cobranças. Foi quando o treinador me perguntou se eu gostaria de assumir, e como sempre estava treinando, aceitei — relembra.
O feito diante do Ypiranga não foi único. Façanha similar realizou em 2023 contra o América-RN. Primeiro um gol de falta. Uma cobrança forte, da intermediária bem no canto. Depois defesa de pênalti, lá no cantinho inferior direito, no final da partida para assegurar o 2 a 0.
— Nossa primeira contratação (naquele ano) foi a renovação do Fábio. É o primeiro chegar e último a sair nos treinos. Naquela semana, a gente tinha treinado naquela semana e a bola dele não estava entrando. Naquele dia, ele ficou na dúvida se ia bater ou não. Ele me olhou e apontei para ele bater — comenta Thiago Gomes, comandante do São José naquele ano e atualmente no Linense-SP.
Os gols de Fábio Rampi
São 36 gols marcados. Nenhum outro jogador da posição em atividade no Brasil foi tantas vezes às redes quanto Fábio. Esse pode ser o número mais conhecido da vida do camisa 1 do São José. Mas, talvez, não seja o mais impressionante nem o mais eficiente.
Se marcar mais cinco vezes, igualará o número de gols de Renê Higuita, um dos nomes mais emblemáticos da posição, para o bem e para o mal. colombiano foi algoz de um companheiro de posição em 41 oportunidades. Ainda estão à frente de Fábio, Márcio (43 gols), ex-Atlético-GO, o peruano Johnny Vegas Fernández (45), o mexicano Jorge Campos (46), o paraguaio José Luis Chilavert (67) e Rogério Ceni (131).
Agora, vem o número mais impressionante. Fábio defendeu metade dos pênaltis cobrados contra ele no ano. Com as duas defesas contra o Ypiranga, parou seis das 12 cobranças efetuadas. Afinal, ele deixa claro as suas preferências.
— A defesa, eu sou goleiro e esse sempre vai ser o objetivo principal, defender — garante.
A partir de janeiro, com o início do Gauchão, Fábio estará de volta, atuando nas duas áreas.