Às 21h58min da terça-feira, 21 de novembro, Montevidéu vibrou. O Uruguai já ganhava da Bolívia, dominava o jogo e chegava à terceira vitória seguida nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. O Estádio Centenario, com 55 mil pessoas, já era uma festa. Mas ficou tudo perfeito aos 23 minutos do segundo tempo, quando Marcelo Bielsa se virou para o banco e, com um gesto rápido, chamou Luis Suárez. Era a senha para o povo uruguaio reencontrar o maior goleador da Celeste.
Suárez entrou aos 27 minutos da etapa final, logo depois de Darwin Nuñez marcar o segundo dele e o terceiro do Uruguai na vitória por 3 a 0 diante de uma entregue seleção boliviana. Ao pisar em campo, o atacante do Grêmio foi procurado por José María Giménez, que entregou a faixa de capitão ao camisa 9. Hove nova vibração da torcida.
A alegria charrua era por ver Luisito de perto de novo. Quase um ano depois do jogo contra Gana, na Copa do Catar. Os aplausos eram de incentivo para quem não tem futuro certo na seleção. Para alguém que arrastou alguns milhares para o estádio na noite fria e chuvosa.
— Suárez é um fenômeno. É um gênio. O jogo é também uma forma de homenageá-lo — resumiu Nestor Gedoz.
Suárez jogou por quase 22 minutos. Mostrou disposição e empatia. Foi um dos que correu para abraçar Marcelo Moreno, ex-Grêmio, quando o camisa 9 foi sacado do jogo. A partida marcou a despedida de Moreno da seleção boliviana. O público aplaudiu o agora ex-atacante da Bolívia.
Mate e mate
A cena chama atenção de quem já se acostumou com as regras atuais dos estádios brasileiros. Se aqui o chimarrão é proibido dentro dos estádios, no Uruguai não. Pelo contrário. A água quente, o porongo e a erva foram companhias perfeitas para lidar com a temperatura. Os mateadores só pararam para comemorar os gols e bater palmas para Luis Suárez.
Um olho lá...
Foi um efeito dominó. Bastou um torcedor ler a notícia sobre a confusão no Maracanã, antes do apito inicial de Brasil e Argentina, que os celulares com imagens do jogo começarem a brotar nas arquibancadas. Vários ficaram equilibrando as atenções, entre o gramado do Centenario e a tela. As cenas da confusão e da ação da polícia chocaram os uruguaios. Messi, retirando o time do campo, foi aprovada por vários.
Quase o sexto
A noite só não foi 100% por um detalhe. Faltou o gol de Suárez. No último minuto do jogo, ele até teve a chance. Chutou de primeira, dentro da área, e a bola caprichosa subiu uns centímetros a mais. Se tivesse entrado, seria o gol 69 dele pela seleção. Talvez tenha ficado para a próxima. Justamente para que haja uma próxima.
E o futuro de Suárez...
Luisito falou depois do jogo, numa concorridíssima zona mista. Respondeu várias perguntas sobre a volta à seleção, sobre ver os jogos contra Argentina e boa parte da partida diante da Bolívia do banco e conviver com essa situação atípica. Falou sobre o Grêmio ao comentar a temporada, mas não disse nada sobre 2024, se fica em Porto Alegre ou vai mesmo para Miami.
— Tem sido uma linda temporada com o Grêmio. Não imaginava que o time pudesse chegar no fim do ano lutando pelo título do Campeonato Brasileiro, logo depois de voltar à Primeira Divisão. Estou tentando ajudar o time como posso e está sendo um lindo fim de ano. Eu não esperava viver tudo isso e tratei de curtir essa volta à seleção também — falou Suárez.