Em reta final de recuperação de cirurgia no quadril, o espanhol Rafael Nadal revelou nesta segunda-feira que vai voltar às quadras. O tenista garante que sonha em retorno em alto nível, mas revelou que o sonho não é conquistar o Aberto da Austrália ou Roland Garros. Admitiu, ainda, que a temporada de 2024, mesmo aos 38 anos, pode não ser sua ultimam da carreira.
— Não tenho um plano definido (de aposentadoria em 2024), quero voltar às quadras e ser competitivo, mas o sonho não é voltar e vencer Roland Garros ou Austrália. Que as pessoas não se confundam, tenho muita consciência de que no momento em que estou na minha vida tudo isso está muito distante — admitiu ao canal Movistar Plus o ex-líder do ranking, dono de 22 títulos de Grand Slam, mas que ultimamente vem travando batalhas com mais frequência contra as dores no corpo do que diante de outros tenistas.
— Não digo impossível (ganhar outro Grand Slam) porque no final as coisas no esporte mudam muito rapidamente. E não estou frustrado por uma razão simples: dentro das minhas possibilidades, fiz todo o possível para que as coisas corressem da melhor maneira possível para mim. Não me iludo e tenho consciência das dificuldades que enfrento, a idade e os problemas físicos que não me permitem treinar 100%. Mas isso não tira meu entusiasmo — enfatizou.
— Me encontro bem, as lesões desapareceram, então, por qual motivo não seguir? Ter muita dor mudou meu caráter, mais do que o necessário. Agora vivo com a dor controlada e isso não me deixa amargo. Mas quando tenho dificuldade em descer as escadas em casa, é difícil ficar muito feliz — questionou.
Por causa das lesões, Nadal revelou que se "desligou" do mundo do tênis, evitando acompanhar muitas partidas ou competições.
— Quando não jogo vejo pouco tênis, por pura desconexão. Sou uma pessoa que vira a página rapidamente. Estou em paz e embora não tenha conseguido estar nos lugares onde gostaria, estou bem. Vi a final do US Open e de Wimbledon, não porque não goste, mas porque seria muito ingrato. Quando você faz algo durante toda a vida, você não se desconecta totalmente— garantiu.
Sobre ter sido superado como maior ganhador de Grand Slams por Novak Djokovic, que agora tem 24 diante de suas 22 conquistas, Nadal mostrou-se conformado.
— Eu gostaria de ser o tenista com mais Grand Slams da história. Mas nunca foi uma obsessão nem me frustra. Com 22 Grand Slams você não pode viver frustrado— disse o tenista de 37 anos.
— Novak vive isso de uma maneira diferente da que eu experimentei. Teria sido uma frustração maior para ele não conseguir e talvez por isso tenha conseguido. Ele teve a capacidade de levar a ambição ao máximo. Estive de forma saudável, sem ficar mais irritado do que o necessário na quadra quando as coisas não estavam indo bem. São culturas diferentes de cada jogador, cada país vivencia isso de forma diferente— sentenciou.