Na semana da mulher, o Geração Start traz uma conversa com a empresária da indústria de games Cynthya Rodrigues. Sócia da G4B (Game for Business), Feniquinha, como é conhecida no cenário gamer, é responsável por conectar marcas com o universo dos games. Aos 30 anos, ela acumula quase uma década de experiência em publicidade e convive com o mundo gamer desde que nasceu.
Cynthya atuou em cargos estratégicos de empresas multinacionais focadas em mídia tanto no Brasil como na Argentina. Hoje, como uma das sócias da G4B, trabalha para unir anunciantes a oportunidades de negócios nos games através de organizações de eSports, influenciadores ou publishers (empresas desenvolvedoras de jogos).
— Eu nasci gamer. Desde muito nova eu sou muito ligada em tecnologia, inovação e games. Quando eu era muito criança, eu falava para os meus pais que eu ia jogar videogame antes das provas porque o meu cérebro iria trabalhar mais rápido. E, hoje, existem estudos que comprovam que o game ajuda no raciocínio lógico de qualquer pessoa, independente da faixa etária — conta Cynthya, em entrevista ao G-Start.
A empresária ainda conta que, antes de cursar publicidade, aventurou-se no mundo da Física. Foram três anos de curso até perceber que, por ser muito comunicativa, era necessário mudar de área. Foi aí que tomou a decisão de ir morar em Buenos Aires para cursar Comunicação Social, mesmo sem saber falar espanhol.
— Eu aprendi sobre comunicação, marketing, publicidade e o próprio espanhol. Conforme o tempo foi passando eu me apaixonei mais e mais por conversar com pessoas, tanto que cheguei a fazer cursos de apresentação de TV e de teatro, tudo para me ajudar em futuras palestras. Eu trabalhei em duas multinacionais por lá, já na parte de anúncios e publicidade, até ter a possibilidade de pedir uma transferência de volta para o Brasil, para trabalhar em São Paulo — recordou.
A partir do retorno ao seu país, Feniquinha começou a atuar no mercado dos games. Uma das últimas empresas em que trabalhou mostrou interesse em colocar anúncios e publicidades dentro dos jogos. Foi nessa janela de oportunidade em que ela se atirou sem medo.
— Eu comecei a falar com muitas pessoas sobre isso. Escrevia no LinkedIn sobre game business, mostrava o tamanho do cenário gamer e quão milionário ele era para chamar a atenção das marcas. Desde então, foi só vitória. Deu muito certo, e eu acabei me tornando uma referência — comentou.
Apesar do sucesso, Cynthya também ressaltou as dificuldades que enfrentou durante a trajetória na indústria gamer. Em um universo onde os homens são maioria, ela cita a falta de mulheres em grandes posições de empresa para que algumas coisas possam mudar.
— Não foi nada fácil. A gente leva muita porrada nesse meio. Hoje em dia, quando eu vou em um evento de networking de eSports, tem vezes em que sou eu e mais uma menina com uns 30 homens na reunião. Nós precisamos de mais mulheres no cenário. Precisamos de mulheres desenhando jogos, desenvolvendo jogos e tomando decisões para que a gente perceba algumas mudanças necessárias. Como por exemplo, as roupas e a sexualização de personagens mulheres nos games — alertou Feniquinha.
Para fechar a conversa, Cynthya Rodrigues deixou um recado para todas as meninas e mulheres que querem seguir ou sonham em trabalhar no mundo dos games.
— Só vai! Esteja muito bem preparada para quando as oportunidades aparecerem. Converse com outras meninas que já estão no meio, conversa comigo, me manda uma mensagem que você vai se sentir muito mais segura. Invista muito no seu networking. Conheça novas pessoas que já trabalham no cenário, seja homem ou mulher, mas, de preferência mulheres, porque ela vai saber te dizer como superar as dificuldades e as dores que você pode encontrar (a gente espera que não enfrente). Ela vai te ajudar a como ter melhores resultados e como transformar isso para trazer isso para o lado positivo dos negócios — finalizou.