A influência de pai para filho pelo gosto pelo futebol e na escolha por qual time torcer é algo comum na vida dos brasileiros. No caso dos xavantes Clóvis e Rai Duarte não foi diferente e, desde cedo, a semente foi plantada no Estádio Bento Freitas. O pai, porém, não esperava que a paixão do filho pelo Brasil-Pel se tornasse ainda maior.
— Desde os dois anos ele já ia para a Baixada comigo. Eu não faço nada sem ele. Com o passar do tempo, ficou mais fanático pelo Brasil do que eu. Ele pegou uma paixão pelo clube que, se ele pudesse, estaria o dia todo ali — comenta Clóvis Duarte, pai de Rai, torcedor do Brasil-Pel agredido após jogo entre o clube pelotense e o São José no Estádio Francisco Novelleto, em Porto Alegre, em 1º de maio.
Com Rai há seis semanas internado no Hospital Cristo Redentor, na Capital, em estado grave, com um ferimento no intestino por conta de pancadas no abdômen, Clóvis vive a angústia de ter o filho correndo o risco de vida há um longo período. Além disso, sente a falta do parceiro das arquibancadas e de outras atividades.
— A gente faz tudo sempre junto. De uns anos para cá, eu não tenho viajado. Mas eu e ele já fomos em muitos jogos, inúmeras excursões com diversas pessoas e em diversas cidades. Não caiu a ficha ainda. Como uma situação dessas? Algumas rusgas sempre acontecem. Mas a gente sabe que, quando envolve polícia, eles não amenizam. Pelo contrário, aí que o tumulto se forma. Parece certeza da impunidade. São todos? Não, tem gente boa. Mas tem que de ter uma punição severa. Hoje foi com o Rai, amanhã ou depois é com o outro — comentou.
Testemunhas acusam a Brigada Militar de ter praticado o ato de violência. A investigação da Corregedoria-Geral da BM ainda está em andamento e 11 policiais envolvidos no caso já foram afastados. Enquanto isso, Clóvis aguarda a recuperação do filho para, também, levá-lo de novo a um jogo do Brasil.
— Agora com treinador novo, vamos sair da zona do rebaixamento. Quero o Rai aqui para irmos de novo na Baixada — disse Clóvis Duarte.