Responsável pela primeira vez pela programação de todas as partidas de um torneio de Grand Slam, a ex-tenista e atual diretora de Roland Garros, Amélie Mauresmo, disse que os jogos masculinos acontecem nos melhores horários porque "são mais atrativos" para os fãs.
— Na nossa época, como mulher e também como ex-jogadora, não me sinto mal e não acho injusto reconhecer que atualmente os jogos masculinos são mais atrativos — disse a ex-número um do mundo.
— Meu objetivo quando comecei a programar o dia a dia era o de tentar ver quais eram os jogos da chave feminina que podiam acontecer na sessão noturna. Ver os duelos, os jogos ou as estrelas que podemos colocar em uma sessão noturna — acrescentou.
— Admito que foi difícil identificar o jogo da rodada (na chave feminina) mais de uma vez — comentou.
Das dez sessões noturnas programadas nesta edição de Roland Garros, apenas uma teve um jogo feminino, o disputado pela francesa Alizé Cornet e letã Jelena Ostapenko, campeã em Paris em 2017.
— E como só tem um jogo na sessão noturna, é difícil escolher — explicou Mauresmo, que tomou como exemplo o US Open, onde um jogo de cada chave é programado para os horários da noite.
As declarações da ex-tenista foram recebidas com surpresa e incredulidade pelas protagonistas do circuito da WTA.
A atual número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, declarou após se classificar para as semifinais que "é um pouco decepcionante e surpreendente porque ela também vem do circuito feminino".
— O tênis feminino tem muitas vantagens. Quero que meu tênis entretenha e lembro também que jogamos para as pessoas. O tênis feminino tem muitas vantagens. Talvez alguém diga que é imprescindível e que nós jogadoras não somos regulares, mas por outro lado isso pode ser mais atrativo para muitas outras pessoas— defendeu Swiatek -
A WTA, por sua vez, destacou "o talento incrível" no circuito feminino atual e pediu uma programação mais equilibrada.
—Nossos fãs querem aproveitar a emoção do tênis feminino nos grandes torneios e nos horários nobres— afirmou a organização em um comunicado.
Em qualquer um dos casos, Mauresmo, que dirige o torneio parisiense pela primeira vez, assume a responsabilidade pela programação e a falta de jogos femininos no horário noturno.
—É uma questão de gosto pessoal, de preferir o tênis feminino ou masculino e de aproveitar os dois—insistiu Swiatek.
O problema não está só nos jogos noturnos. Das 20 partidas começam de manhã (quando a presença do público é menor) na quadra Suzanne Lenglen, a segunda mais importante do torneio, 18 foram da chave feminina.
—Não conhecia esses números. Analisamos dia a dia. É interessante saber, é um bom elemento para levar em conta—concluiu Mauresmo.
* AFP