A semana do árbitro Rodrigo Crivellaro, 29 anos, vai ser inesquecível, mas de uma forma traumática. Um lance que ele mesmo não acredita — nem lembra — que tenha acontecido o fez ser notícia na segunda-feira (4), durante um jogo da primeira fase da Divisão de Acesso do Gauchão. O jogador do São Paulo-RG William Ribeiro transformou uma reclamação sobre o lance do gol do Guarani-VA em uma lesão ligamentar na coluna cervical do apitador da partida.
— Foi um lance inacreditável. Até agora não tem explicação. A dor e o colete na cervical não me deixam esquecer. Na hora, só lembro de acordar no hospital e fui entendendo aos poucos o que estava acontecendo. As enfermeiras me explicaram. Última coisa que lembro é de receber as reclamações do atleta por conta de uma suposta falta não dada, muito ríspidas, e dei cartão. Aí levei um soco muito forte que já me deixou sem reação, caí, e acordei no hospital — contou Crivellaro, em entrevista ao Show dos Esportes desta sexta.
Árbitro da Federação Gaúcha de Futebol desde 2015, Rodrigo sonhava em ser jogador de futebol. A falta de qualidade com a bola no pé como zagueiro o fez aceitar um convite para ser bandeirinha em partida de 2012, a convite de um colega da faculdade de Educação Física.
— Aceitei e a partir daí foi uma paixão à primeira vista. Desde então estou aí até hoje. Hoje estou famoso pelo que aconteceu, mas não gostaria. Graças a Deus estou vivo — contou.
Ele espera que o período de inatividade seja menor do que os três meses inicialmente receitado pelos médicos que o atenderam em Venâncio Aires. Rodrigo é preparador físico e trabalha tanto presencialmente quanto em consultorias virtuais a partir da pandemia, e vai depender de auxílio da FGF enquanto não puder trabalhar. A situação financeira fica em segundo plano quando Crivellaro menciona o susto que a família levou ao ver as imagens da agressão.
— A primeira coisa que pensei quando estava no hospital foi no meu filho de 1 ano e dois meses. Queria ver ele de novo. Quando vi, no outro dia, foi um alívio, uma benção — relembrou.
Segundo o árbitro, o agressor não entrou em contato nos quatro dias que se passaram. Apenas atletas em campo naquela partida e dirigentes o fizeram.
— Os jogadores e o presidente do Guarani e do São Paulo mandaram mensagens pedindo desculpas, e eu apenas agradeci — resumiu Crivellaro.