A maioria dos argentinos expressou sua rejeição a sediar a Copa América de 2021 em seu país, atingido por uma onda de casos da covid-19, segundo pesquisa de opinião publicada nesta sexta-feira (28). Questionados sobre o torneio continental de seleções que vai de 13 de junho a 10 de julho, 70% dos entrevistados responderam que a Argentina "não deveria organizar (o campeonato)", enquanto apenas 20% foram a favor e 10% não souberam opinar.
A pesquisa telefônica realizada pela consultoria Poliarquía foi feita com 1.274 pessoas maiores de idade e habitantes de grandes centros urbanos entre quinta (27) e sexta-feira (28), e contempla uma margem de erro estatística de 2,8% com um nível de confiança de 95%.
Segundo o mesmo levantamento, 59% dos argentinos têm alta ou média preocupação com o avanço do novo coronavírus no país.
Cumprimento dos protocolos
A pesquisa acontece dois dias depois de o governo condicionar perante da Conmebol a organização do evento no país ao cumprimento de rígidos protocolos sanitários por parte das delegações.
— Precisamos saber se a Conmebol tem possibilidades de cumprir com as requisições que estamos fazendo — alertou o chefe do gabinete, Santiago Cafiero, na quinta-feira.
Entre essas demandas está a diminuição no número de integrantes de cada delegação. Enquanto analisa os protocolos, a Conmebol começou a imunizar diversos jogadores, mas com a vacina chinesa Sinovac, que não foi aprovada pelas autoridades argentinas.
— Vacinar 15 dias antes da competição não é solução. Estamos preocupados que seja uma falsa sensação de segurança porque a vacina seria mais uma ferramenta, porém de forma alguma substitui os protocolos, as prevenções — disse a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, nesta sexta-feira à Radio Con Vos.
— A vacina Sinovac tem 50% de eficácia na prevenção dos casos, previne doenças graves e morte. Mas, neste contexto, buscaria-se interromper a transmissão e nenhuma vacina a previne num contexto de concentração e de competição — acrescentou.
No entanto, Vizzotti havia dito dias atrás que "receber estritamente entre 1.000 e 1.200 pessoas de diferentes lugares com um protocolo rígido não é uma situação epidemiologicamente de grande relevância".
Com 45 milhões de habitantes, a Argentina atingiu um recorde de 41.080 pessoas infectadas na quinta-feira e alcançou um total de 3.663.215 casos positivos desde o início da pandemia, enquanto registrava 551 mortes em 24 horas, ultrapassando os 76.000 mortos.
* AFP