O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, mostrou sua oposição nesta sexta-feira (12) aos pedidos de boicote aos Jogos de Inverno de Pequim 2022 motivados pela repressão aos uigures na China.
— Devemos aprender com a história, um boicote aos Jogos Olímpicos nunca contribuiu em nada — disse o dirigente alemão, que foi reeleito à frente do órgão olímpico por quatro anos na quarta-feira, após ser questionado sobre o tratamento dispensado pelas autoridades chinesas a esta minoria muçulmana.
Campeão olímpico de esgrima em Montreal-1976, Bach lembrou o boicote aos Jogos de Moscou-1980 pelos Estados Unidos e alguns de seus aliados, como um protesto contra a invasão do Afeganistão pela União Soviética.
— O exército soviético se retirou em 1989, então foi inútil, exceto para punir seus próprios atletas e levar a um contra-boicote aos Jogos de Los Angeles em 1984 pelos países do bloco oriental — acrescentou o dirigente.
Thomas Bach foi um porta-voz dos atletas da Alemanha Ocidental que protestaram contra o boicote a Moscou em 1980. No final, ele não pôde defender seu título olímpico de florete por equipe, que havia conquistado quatro anos antes.
O presidente do COI ainda lembrou a "neutralidade política" contida na Carta Olímpica e reconhecida pelas Nações Unidas.
— Os direitos humanos ou direitos trabalhistas, entre outros, fazem parte do contrato com a cidade anfitriã dos Jogos e o órgão olímpico trabalha em estreita colaboração com o comitê organizador em diversos aspectos —recordou.
Afirmando levar "esta questão muito a sério", ele enfatizou, entretanto, que o COI não é um "supergoverno mundial" que pode "resolver questões para as quais nem o Conselho de Segurança da ONU, nem o G7, nem o G20 têm uma solução".
— Cabe à política. Devemos assumir nossas responsabilidades em nossa área de competência e os governos devem assumir as suas em sua área de competência — concluiu o chefe do COI.
* AFP