O protesto do Milwaukee Bucks em não entrar em quadra contra o Orlando Magic na noite da última quarta-feira (26) desencadeou uma série de outros cancelamentos nos esportes americanos nas últimas 24 horas. O boicote foi uma forma de apoiar as novas manifestações antirracistas e contra a violência policial, reavivadas depois que a polícia do Estado de Wisconsin atirou sete vezes pelas costas em Jacob Blake, um homem negro, no último domingo (23).
Depois do primeiro ato, os outros jogos de quarta pelos playoffs da NBA, entre Oklahoma City Thunder e Houston Rockets e Los Angeles Lakers e Portland Trail Blazers, também não ocorreram. Os jogadores da principal liga de basquete do mundo, inclusive, realizaram uma reunião para conversar sobre a sequência da competição: os dois times de Los Angeles, Clippers e Lakers, defenderam o término da "bolha" e o encerramento da temporada. Novos encontros são esperados para as próximas horas.
A liga feminina de basquete seguiu o mesmo caminho dos homens. Na WNBA, todas as partidas foram canceladas na noite da última quarta. Em vez dos jogos, as atletas se uniram no centro da quadra e se ajoelharam juntas, de braços dados. As atletas usaram camisas brancas com alusão às marcas de tiros, em vermelho, nas costas.
Outros esportes
Em efeito dominó, os protestos ganharam outras ligas americanas. Na Major League Baseball (MLB), os jogadores do Milwaukee Brewers e do Cincinnati Reds se juntaram ao boicote da NBA. A Major League Soccer (MLS), principal liga de futebol, fez o mesmo e cancelou cinco das seis partidas programadas para a noite.
No torneio de tênis de Cincinnati, que antecipa o Aberto dos Estados Unidos, a tenista japonesa Naomi Osaka se juntou aos protestos e anunciou que não iria disputar as semifinais do torneio. Posteriormente, a organização do evento cancelou os jogos desta quinta-feira, os transferindo para sexta.
Na NFL, o Detroit Lions já havia cancelado o treino da última terça como uma forma de protesto ao que aconteceu com Blake e para chamar atenção aos problemas raciais. O técnico dos Seattle Seahawks, Pete Carroll, disse em entrevista recente que é possível que times optem por não jogar durante a temporada, pois ela é uma "temporada de protesto". Nesta quinta, outros times cancelaram ou ajustaram os horários dos treinos.
Ainda na quarta, o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama fez questão de manifestar seu apoio à atitude dos jogadores do Milwaukee Bucks, que decidiram não entrar em quadra.
— Eu parabenizo os jogadores dos Bucks por defenderem o que eles acreditam, técnicos como Doc Rivers, a NBA e a WNBA por darem o exemplo. É preciso que todas as instituições defendam nossos valores — falou.