Como qualquer outro duelo entre Grêmio e Inter, aquele do dia 19 de julho de 2009 também ganhou um número. Era o de 377, mas como tantos outros também ficou conhecido por outro nome: Gre-Nal dos 100 anos. Por um simples motivo, cem anos antes, em 1909, no dia 18 de julho, Tricolor e Colorado duelaram pela primeira vez, com vitória gremista por 10 a 0.
O cenário daquele domingo ensolarado em Porto Alegre era diferente para Grêmio e Inter. O Tricolor vinha de vitórias no Brasileirão, apesar da eliminação para o Cruzeiro na Libertadores. O Inter vinha da derrota na final da Copa do Brasil para o Corinthians e de derrotas na principal competição do país, o que pressionava Tite no cargo de treinador. Mas no universo Gre-Nal, a gangorra ainda pendia para o lado vermelho do Estado.
A torcida gremista não via uma vitória do seu time desde 2007, quando Léo marcou para o Tricolor no Olímpico. Já havia se passado dois anos a contar daquele jogo, eram sete clássicos com quatro vitórias para o lado do Inter e três empates. A bagagem não era leve e ficou ainda mais pesada a partir dos 25 minutos do primeiro tempo.
Nilmar ganhou uma dividida de Souza próximo da área, avançou com a bola e abriu o placar no estádio Olímpico, aproximando o Inter do oitavo Gre-Nal consecutivo sem perder. Só que um jogo com um peso desse prega várias peças nos torcedores, jogadores e treinadores.
De vilão, Souza começou a se tornar herói naquela tarde de domingo. Uma falta da intermediária, próxima da área, o camisa 8 gremista botou com a mão praticamente dentro da goleira defendida por Lauro. Era o empate tricolor ainda no primeiro tempo.
Dos 25 minutos do primeiro tempo até os 24 minutos do segundo tempo passaram 44 minutos, praticamente um tempo inteiro e, nesse período, a gangorra não virou, mas capotou. O Grêmio dominou as ações do jogo, pressionava para conseguir a virada e teve sucesso.
Dos pés de Souza surgiu a jogada do segundo gol gremista. Escanteio batido pelo meio-campista, a bola ficou pingando dentro da área, Réver (que anos mais tarde marcaria um gol em Gre-Nal) arrematou para a goleira, a bola bateu em Guiñazu e se ofereceu a Maxi López, que, de cabeça, só teve o trabalho de empurrar para as redes.
— Era o Gre-Nal dos 100 anos, uma partida que está na história para o torcedor. Fiquei superfeliz pelo torcedor do Grêmio e pude coroar o ano positivo que tive em Porto Alegre. Todos com um certo nível, com personalidade, obtivemos o resultado. Ganhamos uma partida superimportante — relembrou o personagem da partida, Maxi López, para GaúchaZH.
Com espírito da alma castelhana e as madeixas loiras do argentino, o Tricolor encerrava uma seca de dois anos, sete clássicos, voltava a dar passos firmes no Brasileirão daquele ano e escrevia, depois de 100 anos, o mesmo final no maior clássico do Brasil. A mesma cor, com mais emoção e menos gols.
FICHA TÉCNICA
BRASILEIRÃO — 12ª RODADA — 19/7/2009
GRÊMIO (2)
Victor; Mário Fernandes (Makelele, 39'/2° ), Rafael Marques, Réver e Fábio Santos; Adílson, Túlio, Tcheco e Souza; Herrera (Jonas, 38'/2° ) e Maxi López.
Técnico: Paulo Autuori
INTER (1)
Lauro; Bolívar (Danilo Silva, 36'/2° ), Índio, Sorondo e Kléber; Sandro, Guiñazu, D'Alessandro e Andrezinho (Giuliano, 34'/2° ); Taison (Alecsandro, 26'/2° ) e Nilmar.
Técnico: Tite
GOLS: Nilmar (I) aos 24 e Souza (G) aos 35 minutos do primeiro tempo, Maxi López (G) aos 24 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS: Tcheco (G); Guiñazu e Taison (I).
ARBITRAGEM: Leonardo Gaciba, auxiliado Altemir Hausmann e José Franco Filho (trio do RS)
LOCAL: Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS)