Depois de se emocionar ao vivo, na TV Globo, com a retransmissão da final da Copa do Mundo de 1994 no último domingo (26), Galvão Bueno foi a principal atração do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira. Quase 26 anos depois da conquista do tetracampeonato da Seleção Brasileira, o narrador recordou algum dos momentos vividos nos Estados Unidos.
— Eu ia fazer 44 anos quatro dias depois (da final), mas no dia seguinte (à partida contra a Itália) fiz programa de lá. Hoje, não sei, não. Depois de um jogo com prorrogação, pênaltis... Vocês viram como os jogadores estavam cansados? O calor... Era uma fornalha! Eu jogava água na cabeça. Imagina os jogadores em campo — exclamou ele.
Galvão também brincou com a imagem que ficou famosa naquele Mundial. Ele, abraçado em Pelé (que atuou como comentarista da TV Globo na transmissão da partida), comemorando o título aos gritos: "É Tetra! É Tetra!".
— Sempre faço a brincadeira de que o Arnaldo (Cezar Coelho, ex-comentarista de arbitragem) pensava que era por causa dele (que foram gravados). Mas é claro que eles não mostraram o Arnaldo nem o Galvão. Era o Pelé que estava ali. O primeiro e único. Quando vi, aquela imagem estava no telão do estádio, em Pasadena. O Pelé me puxando para um lado, o Arnaldo para outro. É um momento inesquecível. No primeiro take, parece que o Pelé estava comemorando o gol de pênalti do Dunga. Ele pulou, a TV mostrou. Depois foi aquela maluquice do grito do Tetra, que mostrou todo mundo — descreveu.
Questionado sobre o que mais sente saudade sobre aquele período, Galvão citou a amizade com os atletas. Segundo ele, chegou a fazer festas com Romário na época. Agora, porém, não consegue se aproximar dos jogadores da Seleção.
— Mudou o relacionamento dos jogadores com as pessoas. Todos falam que o Felipão era duro. Na Copa do Mundo de 2002, na Coreia, o hotel da seleção tinha um mezanino em que os jogadores iam lá bater um papo. Não era para dar entrevista, mas só para ter um contato com o mundo exterior. A Seleção de hoje é a mais fechada da história do futebol brasileiro. O último grande amigo jogador de futebol que me restou foi o Kaká. O Leonardo me disse uma vez que os jogadores hoje são como as grandes estrelas de Hollywood, cercados por assessores, quando não é o próprio pai, que é pior que pai de miss. Eles ficam fechados, e isso não faz bem — analisou.
Uma das amizades construídas na Copa de 1994 foi com Taffarel. O ex-goleiro, inclusive, chegou a entrar no ar durante a entrevista e conversou com o narrador.
— Lógico que vi (a retransmissão do jogo) e foi muito bacana reviver toda a sua emoção, aquele momento, muitas coisas que passaram despercebido. Recebi muitas mensagens parabenizando. Acho que o Tetra marcou a vida de muitas pessoas, dos torcedores em si. Foi um marco muito grande e a gente fica muito orgulhoso de ter participado disso tudo — comentou o ex-camisa 1.
Galvão não poupou ao gaúcho e explicou de onde veio a inspiração para a frase que consagrou o goleiro.
— O Taffarel acabou ficando meu amigo. Temos a mesma paixão pela Toscana, por vinhos. E ele, para mim, é o maior goleiro que a Seleção já teve. Com todo respeito a Gilmar dos Santos Neves, Emerson Leão, Marcos... Mas teve um momento em que a bola passava de um lado para o outro na área e me deu um desespero. Eu queria dizer outra coisa, mas palavrão não podia. Aí virou o "sai que é tua, Taffarel". Mas era um "vai na bola, pelo amor de Deus" — brincou o narrador.