
O advogado paraguaio Diego Tuma é um dos profissionais mais respeitados do país, com forte atuação na área esportiva. Foi ele que, em 2019, defendeu o meia uruguaio Nicolas De La Cruz, do River Plate, que foi detido em Assunção na véspera do jogo contra o Cerro Porteño, pela Libertadores. A acusação era de agredir dois policiais paraguaios três anos antes, quando defendia o Liverpool, do Uruguai.
Tuma conseguiu a rápida liberação e De La Cruz entrou em campo no dia seguinte. Na manhã desta quarta-feira (11), Diego Tuma conversou com Ronaldinho na Agrupación Especializada da Polícia Nacional. Por enquanto, ele não entrou no caso. Mas isto ainda pode acontecer. Logo depois do encontro, a reportagem de GaúchaZH conversou com Tuma.
Quais são as semelhanças do caso Ronaldinho com a situação do De La Cruz?
O caso tem algumas semelhanças. O De La Cruz tinha agredido um policial, uma autoridade da República do Paraguai. No caso do Ronaldinho, ele adulterou alguns documentos. Ambos são considerados delitos no país, com possibilidade de condenação por até cinco anos. Mas são delitos que não são considerados tão graves. É possível conseguir uma medida substitutiva. No caso do De La Cruz, reconhecemos a culpa e oferecemos uma garantia para que ele se apresentasse no momento que fosse chamado. Com Ronaldinho, teve uma diferença. A defesa pediu o chamado critério de oportunidade, reconhecendo a culpa, mas alegando que o crime é insignificante, motivo pelo qual pede que seja liberado de toda a investigação e fique livre. E não apresentaram uma caução suficiente. Primeiro, deram razão a Ronaldinho, para mim incorretamente. Depois, mudou. Se existem questões para serem investigadas, como a situação de Dália Lopez, devem ser investigadas, e isto não é tão insignificante. Aí está o primeiro problema da razão para Ronaldinho não estar livre. Se cria uma exposição midiática e, em meio a isso, os advogados voltam a pedir sua saída através da caução. Aqui, na segunda oportunidade, eles fizeram o que fizemos com o De La Cruz já no começo. Quando explode a bomba midiática, obviamente as coisas ficam mais difíceis. Por isso, se rechaçou o segundo pedido.
O que as leis paraguaias permitem fazer ainda?
Agora, o que é preciso é recorrer ao Tribunal de Apelações, que é superior ao juiz de garantias. Creio que Ronaldinho tem possibilidade de sair da prisão. O tema da caução foi fora de tempo, e isso prejudicou. Mas as leis têm muitas possibilidades. Pode-se apresentar quantos recursos forem possíveis.
Nos próximos dias, o Ronaldinho pode ir para a prisão domiciliar?
Se os advogados pedem de maneira correta, sim. Se isto acontecer, ele tem de estar livre no máximo até domingo. Eu pediria primeiro prisão domiciliar, na casa de um futebolista conhecido, amigo de Ronaldo, e depois, quando forem esclarecendo, pedir como segunda medida a possibilidade de se mover dentro do território paraguaio. E, aproximadamente três meses depois, pedir para sair do país.