O confronto entre Brasil e Argentina nesta terça-feira (2), às 21h30min, no Mineirão, pela semifinal da Copa América vai colocar frente a frente alguns companheiros de clube. Arthur e Lionel Messi, do Barcelona, e Gabriel Jesus e Nicolás Otamendi, do Manchester City, deverão ter duelos diretos dentro de campo durante a partida.
Mesmo que não seja o primeiro marcador do meio-campo do Brasil - papel de Casemiro -, Arthur terá de enfrentar Messi em alguns momentos do jogo pela constante movimentação do argentino no novo esquema do técnico Lionel Scaloni, onde o camisa 10 atua entre o trio de volantes - De Paul, Paredes e Acuña - e a dupla de atacantes - Agüero e Lautaro Martínez.
— Messi normalmente arranca da direita, mas se move muito. Uma coisa que caracteriza esse esquema é a constante movimentação do Messi — destaca o repórter do jornal Olé Sergio Maffei, que faz a cobertura da seleção argentina na Copa América.
O ex-técnico e agora comentarista do Sportv e da Rede Globo Muricy Ramalho ressalta ainda que não será possível Casemiro fazer uma marcação individual em Messi. Em razão disso, Arthur terá de alternar com ele o acompanhamento do camisa 10.
— É muito perigoso colocar o Casemiro para seguir o Messi. Não existe mais essa marcação homem a homem, hoje se faz por zona. É perigoso porque o Messi poderia levar o Casemiro para um lado e abrir um espaço no meio-campo — observa Muricy.
Além de ajudar na marcação, a característica de retenção de bola de Arthur pode ser uma outra forma de ajudar o Brasil a parar Messi. Muricy Ramalho projeta que o ex-jogador do Grêmio possa desequilibrar a partida no meio-campo, onde acredita que a Argentina tem dificuldade.
— A Argentina joga com três atacantes que não voltam para marcar. O Messi, o Lautaro Martínez e o Agüero ajudam pouco sem a bola. Se eles jogarem dessa maneira contra o Brasil, com certeza o Arthur vai ter muito espaço. É exatamente nesse setor que ele gosta de jogar — acredita o ex-treinador.
Se no meio-campo Arthur irá encontrar Messi, o atacante Gabriel Jesus vai encarar um defensor bastante conhecido: Nicolás Otamendi, seu companheiro de Manchester City. Os dois jogadores foram reservas na maior parte da temporada europeia e dividiram muitos treinamentos sob o comando de Pep Guardiola.
— O Otamendi é um zagueiro que eu conheço o estilo dele, sei o caminho e como ele joga. Nesse ano ele nem eu jogamos muito no City, então estávamos sempre trabalhando muito. É um jogador que sou acostumado a enfrentar nos treinos. Vou conversar com o Firmino e outros atacantes nossos sobre ele — conta Gabriel Jesus.
O atacante brasileiro ainda brinca que pretende vencer a Argentina para depois poder "zoar" não apenas Otamendi, mas também Sergio Agüero, outro companheiro de City.
- Não tenho nenhuma aposta com Agüero nem com o Otamendi. Mas espero poder "zoar" muito eles quando voltar ao City - diz.
Admiração entre brasileiros e argentinos
A rivalidade de dentro de campo entre Brasil e Argentina não impede que os jogadores tenham boas relações fora dele. Arthur e Messi e Gabriel Jesus, Otamendi e também Agüero são amigos.
No caso de Arthur, o ex-volante do Grêmio nunca escondeu que tem em Messi um ídolo e que jogar ao lado dele no Barcelona foi a realização de um sonho.
— Nos treinos se entende a dimensão do que é o Messi. Ele faz coisas incríveis. É um cara que eu admiro e, na minha opinião e na de muitos, é o melhor jogador da história — disse o brasileiro em seus primeiros meses de Barcelona.
Mas Arthur também recebeu elogios de Messi. O argentino admitiu em uma entrevista que não conhecia o brasileiro, mas que ficou impressionado com ele. O camisa 10 ainda comparou o estilo de Arthur com o do Xavi, um dos jogadores mais vencedores da história do Barça.
— O Arthur surpreendeu. Não o conhecia muito, sinceramente. Evitando maiores comparações, ele tem o estilo de jogo muito parecido ao Xavi, de querer sempre a bola, jogar curto e não perder a posse. Se você toca para ele, sabe que ele não vai perder a posse. É muito confiável e seguro. Arthur tem o estilo que sempre buscamos no Barcelona e pegou rápido o ritmo dos treinamentos, dos jogos curtos, algo que sempre é difícil para quem vem de fora - declarou Messi à época.
No caso de Gabriel Jesus, os argentinos são ao mesmo tempo rivais e amigos no próprio City. O zagueiro Otamendi acaba sendo adversário em muitos treinamentos. Já Agüero é o atacante que disputa com o brasileiro a vaga de titular. Ainda assim, Jesus admite que o atual camisa 9 da seleção argentina teve influência no seu crescimento na carreira.
— No momento que decidi deixar o Palmeiras e buscar evolução na Europa com o treinador que é o Guardiola, com os companheiros que hoje tenho no City, pensei em tudo isso. Antes de eu virar profissional eu via o Agüero na Premier League, fazendo gols, sendo artilheiro. Ter um companheiro desse nível brigando por posição faz com que você aprenda muito. Ele é um cara gente boa — afirma Gabriel Jesus.
Nesse clima de amizade fora do campo, mas de uma eterna rivalidade dentro dele que Brasil e Argentina vão se enfrentar nesta terça-feira no Mineirão. A partida será um reencontro entre as duas seleções na Copa América após 12 anos. A última vez que elas se enfrentaram foi na final de 2007, na Venezuela, em que a Seleção Brasileira conquistou o título com uma goleada de 3 a 0.