
A Promotoria de Paris tem a prerrogativa de abrir uma investigação própria sobre o episódio em que o atacante Neymar é acusado de estuprar uma mulher brasileira em um hotel da capital francesa. O caso teria acontecido em 15 de maio, em um hotel próximo ao Arco do Triunfo.
Segundo fontes da Justiça da França, porém, o fato de a queixa da suposta vítima não ter sido registrada na cidade torna o envolvimento do Ministério Público local menos provável. Em teoria, se um crime acontece no país, ainda que sem envolver cidadãos franceses, os promotores estão habilitados a inquirir sobre ele — o mesmo vale para incidentes com franceses em solo estrangeiro.
No caso da acusação a Neymar, porém, não há algo como um trabalho de perícia que só forças in loco possam efetuar. O que pode ocorrer é a Promotoria francesa receber um pedido de colaboração da Justiça brasileira, a qual buscaria ajuda, por exemplo, para recolher imagens do circuito interno do hotel em que o crime teria acontecido.
Desde sábado (1º), a imprensa francesa acompanha com atenção a acusação contra Neymar e suas repercussões. O vídeo em que o jogador se defende no Instagram foi tema de uma reportagem no equivalente francês ao Jornal Nacional, o 20 Heures do canal TF1, na noite de domingo (2).
O jornal impresso Le Parisien, que sempre segue de perto as notícias relacionadas ao Paris Saint-Germain, publicou sete textos sobre o assunto em seu site, desde o fim da noite de sábado, quando surgiu a informação de que o jogador era alvo de um boletim de ocorrência registrado em São Paulo.
Ao lado de Donald Trump e Roland Garros, o tópico Neymar é um dos destaques do cabeçalho da página do Parisien.
No site do jornal esportivo L'Équipe, são nove textos publicados nas últimas 48 horas, um deles destacando "também um risco econômico" para o jogador na esteira da acusação. O título faz referência aos diversos contratos de publicidade e representação que o atleta tem com marcas de material esportivo, produtos cosméticos e telecomunicações, entre outros.
Na noite de segunda (3), um dos temas da mesa-redonda do canal de TV do Équipe era "O PSG deve começar a escutar o Barcelona sobre [a volta para lá de] Neymar".
Discutia-se o quão decisivo o atacante podia ser entre as quatro linhas (e para o projeto do clube parisiense de se tornar uma potência europeia), mas nenhum dos participantes (quatro homens e uma mulher) comentou o noticiário relacionado a sua atuação fora dos gramados.