A Argentina, enfim, venceu. Na Arena do Grêmio, não chegou a jogar bem, mas ganhou um presente do Catar no primeiro tempo, ampliou no segundo, fez 2 a 0 com Martínez e Agüero e se classificou na vice-liderança do Grupo B da Copa América. Graças à vitória da Colômbia sobre o Paraguai, a turma de Messi e companhia evita o Brasil – e o Rio Grande do Sul – nas quartas de final.
Pela segunda vez em três dias, Porto Alegre "hablou". Depois da invasão uruguaia na quinta-feira (20), desta vez a região do Humaitá pareceu algo como os bairros da Boca ou de Núñez, em Buenos Aires, nos dias de jogo de Boca Juniors ou River Plate. As cantorias tradicionais, principalmente provocando o Brasil, viraram a trilha sonora da região desde o início do domingo. De novo, a cidade pareceu reviver o ambiente da Copa do Mundo, cinco anos atrás.
E, novamente, havia a expectativa para que Messi promovesse seu show particular, salvando a Argentina de uma vexatória eliminação na primeira fase da Copa América em um grupo com Colômbia, Paraguai e o convidado Catar. Só que o país-sede do próximo Mundial resolveu presentear os hermanos bem cedo. Depois de escapar duas vezes em três minutos, em chutes de Messi e Agüero por cima, os catarianos entregaram o gol aos quatro. Alrawi tinha a bola dominada na própria área e tentou atravessar para o outro lado. O passe saiu rasteiro, lento e exatamente na direção de Lautaro Martínez, que dominou e tirou do goleiro: 1 a 0.
O gol animou a torcida, que já fazia barulho – na comparação, maior do que os uruguaios na quinta-feira. Mas não trouxe a tranquilidade que o time imaginava. O Catar não se importou muito em ter errado um passe na própria área e seguiu tentando envolver a Argentina. Aos 17 minutos, apareceu a primeira chance do Catar. Alhaydos foi lançado sozinho e tentou encobrir Armani, que fez milagre e impediu o gol. O auxiliar até marcou impedimento depois da conclusão do lance, mas o replay mostrou que a condição era legal.
A resposta chegou com Messi. Ele tentou a jogada individual, a defesa cortou parcialmente, mas a bola voltou para o camisa 10, que deu para Agüero, livre, chutar para fora. A partida ficou equilibrada, principalmente porque, mais uma vez, os argentinos tinham um latifúndio entre os zagueiros e os atacantes. Dependiam que Messi brilhasse. Ou que o Catar entregasse.
Foi o que ocorreu aos 38. Alrawi errou a saída de bola de novo e deu início a uma confusão na área. Primeiro Aguëro tentou, depois Lo Celso e, por último Lautaro Martínez, que concluiu de carrinho e a zaga salvou quase em cima da linha. No último lance antes do intervalo, o Catar quase empatou. Alrawi cobrou uma falta da entrada da área e acertou a trave de um Armani batido. Os times voltaram sem alteração do vestiário, mas já aos 10 minutos, o técnico Lionel Scaloni tentou dar mais consistência ao meio-campo. Tirou Lo Celso e colocou Acuña.
Não que tenha influenciado diretamente no movimento do jogo, mas a Argentina criou duas chances com Agüero. Na primeira, seu chute foi salvo pela defesa. Na segunda, em uma cobrança de escanteio, o centroavante do Manchester City se antecipou e encheu o pé, mas o goleiro Alsheeb fez uma grande defesa. Aos 27 minutos, a Arena viu uma cena inusitada. Messi iniciou uma jogada pelo centro e abriu para a esquerda, onde De Paul dominou, livrou-se da marcação e rolou para trás. O craque do Barcelona, cinco vezes eleito melhor do mundo, estava absolutamente livre, à frente da marca do pênalti e bateu de primeira. Ele pegou tão mal que a bola quase não saiu na linha de fundo, só subiu, sem direção.
Dybala foi chamado e entrou na vaga de Lautaro Martínez. Ao mesmo tempo, o Catar mandou a campo o centroavante Alahrak. O golpe fatal começou, inclusive, com Dybala. Aos 37, ele lançou Agüero, que arrancou em velocidade, ganhou da defesa e liquidou o jogo: 2 a 0.
A Argentina avançou. É bom ficar de olho. Como disse o Marcos, torcedor ouvido por Lelê Bortholacci na Gaúcha: "Quem tem Messi é sempre favorito".
COPA AMÉRICA – 3ª RODADA – GRUPO B – 23/6/2019
Catar: Alsheeb; Alrawi, Khoukhi, Salman; Pedro Correia (Hamid, 39'/2ºT), Alhaydos, Al Hajri (Alahrak, 31'/2ºT), Mohamed, Boudiaf; Afif e Abdulla.
Técnico: Felix Sanchez
Argentina: Armani; Saravia, Foyth, Otamendi e Tagliafico; Paredes, De Paul, Lo Celso (Acuña, 10'/2ºT); Messi; Agüero e Lautaro Martínez (Dybala, 30'/2ºT)
Técnico: Lionel Scaloni (AMARELO)
Gols: Martínez (A), aos 4 minutos do 1º tempo, Agüero aos 37 minutos do 2º tempo
Público: 41.390 (39.100 pagantes)
Renda: R$ 7.901.700
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre
Arbitragem: Julio Bascuñan, auxiliado por Christian Schiemann e Claudio Rios. VAR: Roberto Tobar (todos chilenos).