Atacante, criado nas categorias de base do Grêmio, vendido a um clube do Leste Europeu. A história é parecida com a de Tetê, recentemente negociado com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Mas estamos falando de Pedro Rocha, autor de dois gols na final da Copa do Brasil de 2016 e que deixou Porto Alegre em meio a Libertadores de 2017 para defender o Spartak Moscou. Há um ano e meio encarando o frio da Rússia, o jogador chegou a ser procurado por alguns clubes brasileiros nesta janela de transferências, mas preferiu adiar o retorno ao país para tentar fazer sucesso também no Velho Continente. Abaixo, confira a entrevista.
Como vai a vida na Rússia? Já se acostumou com o frio?
Agora, sim. Já estou mais acostumado. No início foi bem difícil me adaptar ao frio. Minha filha nasceu, completou quatro meses agora e nossa vida está muito bem, graças a Deus. Essa chegada dela (Vitória, a filha) foi uma alegria a mais para nossa casa e nossa família.
Já aprendeu a falar alguma coisa no idioma russo?
Sei falar algumas coisas básicas, como "Oi, tudo bem?" e "Como vai?". Nada mais do que isso. É um pouco difícil, mas estou aprendendo. Não estou craque.
Você não vinha tendo uma sequência no Spartak e alguns clubes brasileiros, como o Cruzeiro, mostraram interesse em te contratar. Queria voltar ao Brasil?
Acompanhei as notícias. Fiquei muito feliz, não só pelo interesse do Cruzeiro como dos outros grandes do Brasil que manifestaram desejo em me ter no elenco. Então, fico lisonjeado por ter meu nome citado, mas acredito que agora não seja o momento. Se for para voltar algum dia, que seja para um grande clube do Brasil. Ainda não penso nisso, mas agradeço o carinho de todas as torcidas que mandaram mensagens.
Você joga no Spartak com dois gaúchos que passaram pela dupla Gre-Nal: o volante Fernando, ex-Grêmio, e o centroavante Luiz Adriano, ex-Inter. Como é a relação com eles?
Uma relação muito boa, desde que cheguei eles me receberam muito bem. São parceiros que estão sempre ajudando no dia a dia, dentro e fora de campo. Sempre que dá, a gente faz alguma coisa. Agora que estamos vivendo em um país diferente, de cultura diferente, ter pessoas do seu próprio país é muito bom. Até para matar a saudade do Brasil.
O Spartak está em 4º lugar no Campeonato Russo e joga neste domingo (3) contra o Krasnodar, que é o 2º colocado. O que dá para projetar?
Vamos com tudo para este jogo. É a retomada do Campeonato Russo. Estamos concentrados e preparados para fazer um grande jogo. Sabemos que é um confronto direto, porque eles estão acima de nós. É, sem dúvidas, um jogo de seis pontos.
Na Liga Europa, o Spartak foi eliminado ainda na fase de grupos. Quais são as principais diferenças que você notou no torneio continental da Europa em relação a Libertadores?
Acredito que a maior diferença seja a dinâmica de jogo. Joguei a Libertadores onde, principalmente contra times argentinos, tem jogos pegados e difíceis, mas aqui não tem nenhum time bobo. É um estilo bem pegado. Eles priorizam a força, a rapidez. A dinâmica daqui ainda é maior que a dos campeonatos sul-americanos.
Você acompanha as notícias do Grêmio ainda? O Everton, que herdou a sua posição, vem muito bem desde o ano passado. Você ainda fala com o pessoal do Grêmio?
Sim, sempre que dá, acompanho. Apesar da diferença do fuso horário, sempre que dá, vejo os jogos e torço pelos meus companheiros. Mantenho contato com a maioria dos jogadores, são meus amigos. Trabalhamos algum tempo juntos e torço muito para que eles sigam conquistando títulos.
O Tetê foi vendido para o Shakhtar Donetsk por 15 milhões de euros (3 milhões a mais do que você custou ao Spartak). Chegou a conhecer o Tetê?
Não conheço o Tetê pessoalmente, nunca conversei com ele, mas algumas vezes vi ele jogando na base. É um bom jogador. Na sua categoria, decidia sempre. Tenho certeza que o Shakthar fez uma boa aquisição, porque o Grêmio sempre revela bons jogadores. O Tetê é mais um deles.
Pedro Rocha, Tetê, Luan, Everton, Walace, Arthur... Tem alguma explicação no fato de o Grêmio revelar tantos bons jogadores na base ultimamente?
Mesmo na base, é dado um suporte para que os jogadores tenham do bom e do melhor. O reconhecimento tem que ser dado a todos, não só para a família, mas para o clube que investe nestes jovens e tem um retorno futuramente. A categoria de base do Grêmio é uma das que mais revela jogadores no Brasil.