Em 2019, a Fórmula-1 terá de se acostumar com uma realidade que, para os fãs da categoria, é triste: seremos obrigados a ver um campeonato sem Fernando Alonso. O bicampeão anunciou na terça-feira (14) que não vai participar da próxima temporada — e, mesmo que tenha deixado as portas abertas para um possível retorno, na prática este pode ser seu último ano na principal competição de automobilismo do mundo.
O futuro ainda não foi confirmado pelo espanhol, mas tudo indica que o caminho é a Indy, na qual deixou uma ótima impressão pela participação nas 500 Milhas de Indianápolis no ano passado. Mais do que tudo, o que fica é a impressão de que Alonso deveria ter conquistado muito mais do que conseguiu nos seus 17 anos de carreira.
É difícil de explicar a maneira com que o piloto de 37 anos tomou de assalto a F-1 desde que surgiu, em 2001. O mais jovem a vencer um GP, o mais jovem campeão e depois bicampeão mundial, em 2005 e 2006 pela Renault, com apenas 25 anos, e tudo isso superando Michael Schumacher. Alonso era jovem, ousado, ambicioso e extremamente talentoso. O destino parecia pronto para colocá-lo no panteão dos grandes nomes. Mas, em termos de resultados, não foi isso que se viu.
A partir de 2007, a carreira do espanhol passou a ser errática. Alonso foi à McLaren, brigou com todo mundo na equipe inglesa, ficou em terceiro no Mundial daquele ano e voltou a uma Renault enfraquecida para duas temporadas de talento sem brilho. Em 2010, foi para a Ferrari, onde ficou por cinco anos e disputou dois títulos até as últimas voltas dos últimos GPs, mas acabou superado por Sebastian Vettel.
Seus recordes de juventude caíram, para Lewis Hamilton, Vettel e Max Verstappen. Em 2015, acertou o retorno à McLaren, em um projeto com a Honda que prometia reeditar os grandes anos de Ayrton Senna e Alain Prost — mas que terminou em decepção e nenhum pódio em três anos. Em 2018, a McLaren mudou para os motores Renault, mas a sorte de Alonso permaneceu a mesma, longe de qualquer disputa por vitória.
Os números de Alonso não condizem com a sua fama. O espanhol deveria somar muito mais do que as 32 vitórias, 97 pódios e dois títulos mundiais que tem. Mas as escolhas pelas equipes erradas nos momentos errados farão com que, no futuro, muita gente não entenda por que Fernando Alonso Díaz era considerado um dos melhores de todos os tempos. Ele foi. Mas será difícil de explicar isso.