
A direção do PSG recebeu uma orientação explícita do presidente Nasser Al-Khelaïff para que todos os setores do clube se mobilizassem para a partida de volta da Champions League desta terça-feira no Parc des Princes contra o Real Madrid. O objetivo é contar com o apoio de seus torcedores do primeiro ao último minuto do confronto.
O primeiro passo foi a criação do slogan/tema do movimento. E a inspiração veio da maneira como o presidente se refere ao famoso e tradicional estádio parisiense: “o Parc des Princes não é o nosso jogador número 12. Ele é o número 1”.
Então nasceu a frase tema que busca unir os torcedores, dirigentes e jogadores do PSG na direção da vitória: “Ensemble on va le faire (Juntos, vamos conseguir)”. A mensagem foi veiculada em todas redes sociais do clube desde então.
A mobilização proposta pelo presidente Khelaïff está inspirada em números: a equipe venceu todos os 19 jogos disputados em casa nesta temporada determinando tons de sentença à inscrição estampada numa das marquises do estádio: “Ici, c’est Paris” (Aqui, é Paris).
O esforço contou com mensagens de Thiago Silva, Marquinhos e Thiago Motta pelas redes sociais, por um sms de voz do locutor oficial do clube e por vídeos a cada dia veiculados pelas redes sociais do clube, sempre referenciando ao tema básico de que a volta por cima contra o Real Madrid é factível.
Até as torcidas organizadas – os ultras – se envolveram no movimento e, desta vez, por iniciativa da própria direção do clube. Uma reunião com os jogadores no CT de Camp de Loges foi promovida. Foi o coroamento de um processo que nasceu com a autorização recente, inclusive da Prefeitura de Paris, para que elas comparecessem organizadamente aos estádios aos quais estavam impedidos desde 2010.
Os ultras, liderados pelo grupo Coletivo Ultras Paris (CUP), já entraram em ação na noite desta segunda-feira ao realizarem uma manifestação em frente ao hotel Renaissance onde os jogadores do PSG estão concentrados em Rueil- Mailmaison, oeste de Paris. O ônibus do clube foi cercado pelos torcedores quando chegou ao hotel. Areola, Rabiot, Kurzawa, Meunier e Kimpembe chegaram a se aproximar dos torcedores para agradecer o apoio manifestado. Muitas bandeiras, faixas e luminosos deram espetacularidade ao primeiro ato. O segundo está programado para o Parc des Princes, amanhã, que será transformado num “vulcão ensurdecedor” segundo o CUP.
O PSG, clube empresa de propriedade do estado soberano do Qatar, vai na direção inversa da grande maioria dos clubes de futebol no mundo ao se relacionar diretamente com as torcidas organizadas. A iniciativa pode até ter um caráter oportunista em função da necessidade do clube enfrentar na competição que mais ambiciona conquistar o poderoso Real Madrid que tem vantagem na disputa. Mas não deixa de ser uma inflexão em relação às práticas mais amplas.
Sem Neymar Jr, o PSG acredita que o trio Mbappé, Cavani e Di Maria pode se impor e liderar o que seria uma reviravolta histórica nas oitavas de final da Champions League sobre o campeoníssimo Real Madrid. E pode mesmo.