A vitória de 1 a 0 do River Plate sobre o Lanús, no primeiro jogo das semifinais da Libertadores, teve algumas características que argentinos nos acostumaram a ver: estádio lotado, marcação forte, técnica de atacantes e força de defensores. Em um ambiente favorável, Scocco fez a diferença e deu uma vantagem importante para o River decidir fora de casa na terça-feira que vem. Mas o Lanús já mostrou que é capaz de virar resultados diante de sua torcida. É um confronto absolutamente aberto.
Pressão da arquibancada
O primeiro jogo da semifinal teve casa cheíssima no Monumental de Núñez. Praticamente todos os seus 60 mil assentos foram ocupados. Houve aquela tradicional festa na entrada dos times em campo e, principalmente, houve constante apoio das arquibancadas. Mesmo nos momentos em que a pressão diminuiu, a torcida incentivou a equipe. Foi graças a esse ambiente que o River teve forças para fazer o gol em um momento de clara dificuldade.
River cauteloso, Lanús retrancado
Surpreendeu aos analistas argentinos a postura do Lanús. Acostumados a ver um time vertical, de trocas de passes em velocidade e constante participação do centroavante Sand, assistiram a uma equipe preocupada em não perder, em parar o jogo e em controlar as ações do River. Que, por sua vez, não partiu para uma pressão descontrolada. O único momento de imposição foi entre os cinco e os 20 minutos do segundo tempo. Alçando bolas para a área, o time chegou a ter quatro escanteios em sequência e a chutar uma bola na trave. Depois, percebendo que não tinha sucesso, baixou a linha e passou a disputar uma partida mais dura.
Força mental
Jornais argentinos destacaram a capacidade de concentração do River Plate. Contra um time disposto mais a não jogar do que a partir para um confronto franco, o time de Marcello Gallardo não se desesperou. Trocou passes quando precisou, tentou forçar no momento que teve forças e teve paciência para achar o espaço. Evitou marcar pressão (90% de suas roubadas de bola foram entre a intermediária ofensiva e o meio-campo) e não fez faltas próximas à sua área. Aliás, foram 30 faltas – o que pode ser um número pequeno para uma semifinal entre dois times argentinos – e apenas dois cartões amarelos. Isso se deve às atuações seguras de Pinola e Maidana. Ainda que não sejam propriamente velocistas, tiveram imposição.
O brilho de Scocco
Nos tempos do Inter, Scocco deu mostras de que era bom jogador. Contratado depois de uma ótima Libertadores pelo Newell's Old Boys, não repetiu em terras gaúchas aquele desempenho. Talvez por encontrar um time se despedaçando, talvez por não jogar no Beira-Rio, que estava em obras para a Copa do Mundo, o atacante argentino alegou falta de adrenalina e foi embora após poucos gols. No River, é outro jogador. Mesmo com características diferentes, ocupa o lugar de Alario, como centroavante. Mais móvel, aparece pelos lados do campo. Mas foi na área que fez seu gol, aproveitando rebote do goleiro. Já é o vice-goleador da Libertadores, com sete gols em cinco jogos (Chumacero, o líder, tem oito, mas em 12 partidas).
Árbitro de vídeo
Wilton Pereira Sampaio teve uma atuação segura em uma partida que mais pareceu do que propriamente foi difícil. Com os atletas se comportando, o único lance polêmico foi uma queda de Scocco na área adversária. A poucos metros do lance, o brasileiro não assinalou pênalti, não acusou simulação e não precisou do árbitro de vídeo para mandar a partida seguir.
La Fortaleza
O pomposo nome Estádio Ciudad de Lanús Néstor Díaz Pérez ganha um apelido quando o Lanús joga: La Fortaleza. Com capacidade para receber 45 mil torcedores, receberá o último jogo da Libertadores se o Lanús avançar (o time teve a segunda melhor campanha geral). Em frente à torcida, que não costuma lotar as arquibancadas, perdeu duas vezes nesta competição, para o Nacional-URU e para a Chapecoense – resultado depois revertido no tribunal pela utilização irregular de um atleta pela Chape. Em compensação, seu último confronto em casa teve contorno épico: 2 a 0 sobre o San Lorenzo e vitória nos pênaltis.