O tênis voltou no tempo, retrocedeu à segunda metade da última década. Isso é ruim? Pelo contrário, é ótimo.
Maiores vencedores de Grand Slams da história, Roger Federer e Rafael Nadal espantaram os fantasmas de lesões, voltaram zunindo às quadras em 2017 e retomaram o nível que os levaram a dominar o circuito entre 2004 e 2011, quando o suíço e o espanhol se revezaram na liderança do ranking por 387 semanas consecutivas, até a ascensão do sérvio Novak Djokovic. Nesse período, conquistaram 25 de seus 33 títulos de Majors – 15 de Federer contra 10 de Nadal.
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A partir de segunda-feira (3), as duas lendas vivas do esporte pisam no All England Club, em Londres, embaladíssimos pelos ótimos desempenhos e grande resultados na temporada. Cada um conquistou quatro títulos no ano, levantando os principais troféus em disputa no calendário.
Depois de pular a temporada de saibro europeia para preservar o físico, Federer conquistou seu nono título de Halle há uma semana, dando mostras de que está afiado para o jogo rápido na grama. Maior campeão de Wimbledon ao lado de Pete Sampras e William Renshaw, o suíço buscará o oitavo título do Grand Slam britânico.
Duas das suas vitórias em Londres foram justamente sobre seu maior rival. O suíço superou o espanhol em 2006 e 2007. Em 2008, foi a vez do troco de Nadal, que bateu Federer em uma inesquecível final de cinco sets, com direito a 9/7 na parcial decisiva.
Bicampeão do The Championships, é verdade que Nadal andou escorregando na grama sagrada nos últimos anos, em parte pelos problemas nos joelhos, mais exigidos com o quique mais baixo da bola no piso. Em 2013, caiu na primeira rodada. Em 2015, venceu apenas o jogo de estreia. No ano passado, nem participou do torneio, às voltas com dores nos punhos. Mas quem subestimaria as chances de um tenista que, só nesta temporada, comemorou três decacampeonatos (Monte Carlo, Barcelona e Roland Garros)?
A organização sorteou nesta sexta-feira (30) as chaves do torneio. E os fãs já esfregam às mãos com a possibilidade de outra decisão entre Federer e Nadal – os dois estão em lado opostos e só se enfrentariam na final. O suíço, que estreia contra o ucraniano Alexandr Dolgopolov (84º do ranking), recusou o rótulo de favorito:
– Andy (Murray), Rafa e Novak são claramente favoritos.
Já Nadal encara o australiano John Millman (137º). Se o espanhol avançar até semifinal, poderá encontrar Murray, campeão do ano passado. Na estreia, o número 1 do mundo pega o cazaque Alexander Bublik (134º). Djokovic, tricampeão de Wimbledon, encara o eslovaco Martin Klizan (44º).
AS FINAIS DE FEDERER E NADAL EM WIMBLEDON
2006
Então tricampeão, Federer entrou em quadra com o favoritismo a seu favor. No primeiro set, aplicou 6/0 em Nadal, que empatou na parcial seguinte. O suíço, então, assumiu o controle do jogo e fechou em 3 a 1.
2007
Na segunda decisão entre os tenistas, o público assistiu a uma decisão histórica, em meio à reforma da Quadra Central, que seria coberta no ano seguinte. Em uma final de cinco sets, Federer venceu outra vez Nadal.
2008
Com a noite já caindo em Londres, Nadal enfim consegue derrubar o então pentacampeão Federer em Wimbledon. Um mês depois, o espanhol também tomaria do suíço a liderança do ranking.
*ZHESPORTES