A proximidade dos 40 anos não assusta Tom Brady. A idade é apenas mais um desafio a ser superado pelo californiano que surgiu desacreditado para a NFL em 2000 e se tornou o maior quarterback do futebol americano em todos os tempos. De 199ª escolha do draft – processo de recrutamento de jogadores universitários para a liga profissional –, Brady virou titular do New England Patriots em seu segundo ano na NFL e passou a acumular vitórias, recordes e títulos. No último domingo, com uma virada histórica sobre o Atlanta Falcons, tornou-se o primeiro da posição a vencer o Super Bowl cinco vezes e ser o jogador mais valioso em quatro decisões.
Na NFL, uma liga de intensa exigência física, os jogadores ficam em média apenas três temporadas. O período é um pouco maior para quarterbacks. Mas Tom Brady já está há 17 anos no Patriots e não tem a intenção de parar tão cedo. Mesmo que vá completar 40 anos no dia 3 de agosto, antes do início da próxima temporada.
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– Se fosse pela minha esposa, eu me aposentaria hoje. Eu disse: "Que pena, amor, estou me divertindo muito agora" – brincou Brady, em entrevista a uma rádio americana depois da quinta conquista.
Para isso, o quarterback trabalha em duas frentes: tem contrato até 2019 e já trabalha em uma renovação; além de ter um sistema de preparação física e um estilo de vida que mantêm o corpo em condições de jogar em alto nível.
Uma vida dedicada ao futebol americano
O quarterback, que rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e perdeu a temporada 2008, conseguiu se recuperar integralmente e não perdeu mais jogos por lesão desde então.
O segredo foi uma parceria com Alex Guerrero, um preparador físico individual que foca o condicionamento do atleta em alongamentos. Para ele, o esforço físico da musculação enrijece o corpo, enquanto Brady precisava de flexibilidade. Além do joelho, o quarterback não teve mais dores no ombro, que antes eram frequentes pela repetição de movimento.
A alimentação também é um ponto importante na vida de Brady. Durante a temporada do futebol americano, que vai de setembro a fevereiro, ele é vegão – não come carnes ou derivados de animais. Quando quer alimentos diferenciados, "exagera" com um sorvete de abacate ou um pedaço de salmão.
– Parece que ele realmente tem ficado mais forte e mais rápido à medida que ele fica mais velho – contou Guerrero, em entrevista recente ao Bleacher Report.
Longevidade não é comum
Um quarterback jogar até os 40 anos não chega a ser inédito. Mas o nível de Tom Brady é o que espanta. Para isso, foi preciso ter força física e mental.
Brett Favre, que jogou na NFL entre 1991 e 2010, parou aos 41 anos. Mas chegou a anunciar a aposentadoria três vezes antes de encerrar a carreira definitivamente – no fim das contas, o esforço para estar em campo era maior do que o desejo de estender o período nos gramados. A última temporada, já pelo Minnesota Vikings, foi muito abaixo do que todos estavam acostumados a ver.
Mais recentemente, o mundo do futebol americano também testemunhou o declínio do maior rival de Brady: Peyton Manning. O problema do quarterback de Indianapolis Colts e Denver Broncos foi estritamente físico. Em 2011, ele passou por uma sequência de cirurgias no pescoço. Nos últimos anos, já não sentia mais as pontas dos dedos. Apesar de ter feito três boas temporadas em Denver – inclusive o ano mais prolífico para um quarterback na história da NFL –, caiu drasticamente de rendimento em 2015. Foi campeão do Super Bowl pela segunda vez, mas teve individualmente o pior ano da carreira. Por isso, decidiu parar dias antes de virar para os 40 anos.
Tom Brady é uma fortaleza física e mental.
A única lesão grave da carreira do quarterback ocorreu em 2008, quando sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho e ficou fora por toda a temporada. Mas a volta não deixou nenhum questionamento sobre possíveis sequelas. O outro período de afastamento foi em 2016. Brady foi suspenso por quatro jogos por supostamente ter envolvimento em um esquema para desinflar as bolas do jogo na final da Conferência Americana contra o Indianapolis Colts, na pós-temporada 2014. Apesar de todas as polêmicas e de um processo desgastante, Brady voltou em plenas condições para conduzir a campanha do título.
E o esforço frequente mereceu o reconhecimento até do frio técnico Bill Belichick, que não costuma ser enfático nos elogios. Perguntado se a suspensão havia sido uma motivação extra para o quarterback, o treinador garantiu que Brady nunca precisou de outros fatores para estar em plena forma:
– É inapropriado sugerir que na carreira de Tom ele foi algo além de um grande colega, um grande trabalhador e tenha nos dado todo o seu esforço, sangue, suor e lágrimas. Tom Brady nos dá o seu melhor cada vez que ele pisa no campo.
A carreira de Tom Brady
Quarterback do New England Patriots desde 2000
Titular desde 2001
5 títulos de Super Bowl (temporadas 2001, 2003, 2004, 2014 e 2016)
4 vezes eleito o jogador mais valioso do Super Bowl (temporadas 2001, 2003, 2014 e 2016)
2 vezes eleito o jogador mais valioso da temporada (2007 e 2010)
12 vezes eleito para o Pro Bowl, o jogo das estrelas (2001, 2004, 2005, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)
2 vezes eleito para a seleção da temporada (2007 e 2010)
2 vezes eleito o jogador ofensivo do ano (2007 e 2010)
Retorno do Ano (2009)
Eleito para a seleção da década de 2000 da NFL
A carreira de Tom Brady
Em temporada regular
237 jogos
183 vitórias
54 derrotas
5.244 passes completos (63,8% de aproveitamento)
61.582 jardas
456 touchdowns
152 interceptações
Em playoffs
34 jogos (recorde)
25 vitórias (recorde)
9 derrotas
831 passes completos (recorde, 62,7% de aproveitamento)
9.094 jardas (recorde)
63 touchdowns (recorde)
31 interceptações (recorde negativo)
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