Meu Inter vai ter que se fazer de morto. Será preciso dissimular, passar por pequeno e fingir que nunca esteve no Japão conquistando o Mundial. Jamais pensar na invencibilidade de 1979, até hoje nunca igualada. O Beira-Rio não existe ou nos emprestaram. Temos que simular que somos aspirantes a uma grandeza jamais sonhada: a vitória na Série B. Cada jogo será uma batalha, uma epopeia. Vamos suar sangue, verter lágrimas e berrar bastante, minuto a minuto de cada jogo. No campo, a rapaziada terá que dançar a mesma dança. Fingir-se de morto é o melhor jeito de apavorar os inimigos. Quando se derem conta que não somos fantasmas, três pontos estarão em nossas contas.
Jogaremos com humildade, garra, disposição, entusiasmo e coragem na defesa, entrosamento, habilidade e desenvoltura no meio de campo, agilidade, rapidez e efetividade no ataque. Depois do primeiro e até o último apitaço do juiz, mostraremos as garras, vamos sufocar os adversários e romper todas as retrancas. Que o Zago passe aos pupilos a mensagem de que todo o jogo está "um a zero pra eles", como dizia o inesquecível Galego aos jogadores que treinava nos times do interior e vinha para a Capital: "Na ponte do Guaíba está um a zero pra eles. Temos que entrar mordendo o capim pra empatar".
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Que o time esteja pronto para o campeonato de nossas vidas. Não dá para perder. É para dentro deles, com a vontade de quem está cansado de segunda divisão. Chega de Série B, vamos subir. Em campo, contra cada adversário, precisaremos iludir. Quem nos enfrentar saberá com quem estará lidando. Vai ser quando nossos guerreiros desvestirem a pele de cordeiro. Então sim, uma vitória dos lobos que se fingiam de mortos.
Nosso treinador vai mostrar que todos somos zagueiros como ele e seremos habilidosos meio-campistas ou atacantes furiosos, com muita vontade de fazer gols. É desse jeito que me preparo, fingindo que somos campeões de nada. Só assim seremos, de verdade, campeões de tudo em 2017.