O Sete de Setembro para nós, torcedores do Grêmio Esportivo Brasil, é um dia para cultuar a nossa pátria. A pátria rubro-negra. É dia de celebrar as tuas cores, o nosso sangue, a nossa raça. Com força e vontade mas, acima de tudo, cheio de graça. São frases do nosso hino, um dos nossos símbolos sagrados.
Este clube fantástico nasceu da divergência entre integrantes do Sport Club Cruzeiro do Sul, time de futebol formado por trabalhadores da Cervejaria Haertel lá na primeira década do século passado. Assim, o Grêmio Esportivo Brasil foi fundado em 7 de setembro de 1911 com as cores da pátria, verde e amarelo. Os fundadores foram às ruas arrecadar dinheiro para a compra do fardamento.
O comerciante português, Manoel Ayres Júnior, se empenhou em financiar os uniformes. Mas com uma condição: como ele tinha estreito relacionamento com o Clube Carnavalesco Diamantinos, só aceitou ajudar a financiar a nova agremiação se fossem adotadas as mesmas cores do clube carnavalesco, que eram o vermelho e o preto. Além disso, verde e amarelo eram as cores do Clube Carnavalesco Brilhante, dissidente e rival do Diamantinos. Portanto, a raiz popular do Brasil tem como ponto de partida a associação, mesmo que indireta, com um clube carnavalesco.
Xavante
A nossa mais famosa identidade foi inspirada curiosamente pelo nosso maior rival, o Esporte Clube Pelotas. Era Bra-Pel. O ano: 1946. Competição: campeonato citadino pelotense. Final. Estádio: Boca do Lobo. Pelotas tentava o tricampeonato e vencia por 3x1. O capitão do Brasil, Chico Fuleiro, é expulso já no segundo tempo. Em 28 minutos, o rubro-negro vira para 5x3, mesmo com um jogador a menos. Final de jogo e a torcida do Brasil derruba o parapeito de
proteção e invade o campo para festejar a vitória épica num ato de vandalismo eufórico, digamos. O presidente do Pelotas chama os torcedores de "bárbaros". Na época, um cinema local exibia o filme "Invasão dos Xavantes". Por associação, os torcedores rivais passaram a tratar os torcedores do Brasil como Xavantes, "alcunha" que acabou sendo incorporada pela torcida, inclusive com a adoção do índio como mascote do clube.
Esse é o Brasil. Tricampeão citadino pelotense e primeiro campeão gaúcho, ambos em 1919, com apenas 8 anos de idade. Brasil, que venceu a Celeste Olímpica, no Uruguai, por 2x1, na preparação para a Copa de 50. Brasil das 16 vitórias em 28 jogos em uma excursão internacional de 107 dias nas Américas do Sul e Central em 1956. Feito este citado no hino: "Lá no estrangeiro, mostraste ser bem brasileiro. Com os louros da vitória, trouxestes para nós mais outra glória".
Brasil da Baixada, Brasil da torcida Garra Xavante com seus surdos, tamborins, reco-recos, frigideiras, caixas e metais. Instrumentos genuinamente brasileiros e batizados pela Mãe África. Brasil da invasão de Estrela no Gauchão de 1977. Brasil da invasão de Porto Alegre na semifinal do Brasileirão de 1985. Brasil de tantas outras invasões. Brasil das romarias insanas e apaixonadas pelas estradas da vida. Brasil da flecha dourada e certeira de Cláudio Millar, que brilha no céu. Brasil que, com as lágrimas da tragédia, adubou a própria grandeza. Brasil da Maior e Mais Fiel. Brasil de torcedores que vão morar em outros pagos, mas se associam criando verdadeiras embaixadas ou confrarias no país e mundo afora. Brasil, que conjuga o alfabeto de trás para a frente: D, C, B.........
Obrigado por tudo, meu Xavante!!!