Foi correta a primeira providência de Falcão: abriu o treinamento para que a imprensa pudesse testemunhar o seu trabalho. Os boletins da reportagem, entre outros fatos, registraram que Falcão comandou um treinamento tático de 90 minutos. Mais, que o novo treinador dedicou-se a dar orientações ao pé do ouvido de cada jogador além de dar especial atenção aos defensores. Nada especial, aparentemente, em permitir que o seu trabalho fosse observado pelos repórteres. Mas, certamente ninguém poderá dizer que Falcão não faz treinamentos táticos. Transparência e canja de galinha nunca fizeram mal.
Na sua primeira entrevista coletiva, Falcão foi modelo de elegância ao se referir a Argel. Não poderia ter sido mais correto, politicamente. Registrou que recebe um time com coisas boas enquanto outras pretende mudar, fazendo do seu jeito. Quase uma obviedade. Se fosse para dar continuidade ao que vinha sendo feito, não haveria a necessidade de mudar de treinador. Falcão tem conceitos próprios. A sua formatação tática preferencial também é diferente. Que os seus planos dêem certo. Falcão merece e os colorados também.
Em várias passagens da sua entrevista Falcão deixou escapar que não dá certo o que é feito com pressa. Alertou que “não é de uma hora para outra” que mude o que precisa ser mudado. Um time de futebol se forma e afirma com tempo, jogos e repetições. Além, claro de jogadores capacitados a cumprir as determinações do treinador. Que ninguém espere profundas transformações já no domingo, contra o Palmeiras. E se o Inter não tiver jogadores com qualificação indispensável para que se forme um time eficiente. Talvez nem aconteçam muitas mudanças. É preciso entender que antes de concepções táticas e estratégicas vem a qualidade dos profissionais.
Falcão lembrou que quando assumiu o comando do Sport Recife, o clube vinha de uma seqüência larga de maus resultados e foi necessário fazer um trabalho inicial de pronto-socorro. O mesmo quadro espera por Falcão no Inter. Até que as coisas comecem a acontecer, o treinador precisará valer-se de atitudes emergenciais.
Demonstrando que tem acompanhado os jogos do Inter, Falcão fez uma frase que acertou o centro do alvo: “Chutão é ilusão de 10 segundos porque a bola volta”. As ligações diretas que o Inter costuma fazer ligando defesa e ataque é um dos defeitos mais latejantes da equipe colorada. O primeiro treinamento com Falcão mostrou que esta imperfeição deve ser corrigida imediatamente. Para tanto, o treinador posicionou a sua linha defensiva bem avançada, próxima do meio do campo. E aí, chutão nem querendo.