Com o intuito de aumentar a quantidade de ralis e diminuir o número de side outs nos jogos – que acontecem quando um time consegue pontuar imediatamente após recepcionar o saque –, a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) introduziu, em 1998, uma nova posição no esporte: a do líbero.
O jogador atuaria apenas no fundo de quadra, com funções que envolviam a defesa e a recepção. Exercendo poucos fundamentos, na época, seria praticamente impossível esse novo elemento se destacar da forma tão espetacular. Mas Sérgio Dutra Santos mudou esse roteiro. A partir de 2000, como se fosse fácil, passou a ensinar a todos de que modo exercer essa posição.
Levantamentos inovadores para ataques dantescos do ponteiro Dante, estrepitosas defesas e uma média altíssima de passes na mão do levantador engrandeciam o atleta que, mesmo sendo proibido de exercer outras funções como sacar e bloquear, conseguiu a proeza de se tornar o melhor jogador da Liga Mundial de 2009, quando o Brasil derrotou a Sérvia por 3 sets a 2 na final, na célebre Batalha de Belgrado.
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Em 2012, querendo abrir espaço para os mais novos, Escadinha (como é chamado Serginho) deixou a seleção para, como ele mesmo disse, a “molecada tomar conta desta camisa da melhor forma”. Mas, com todo o respeito a Mário Jr., Felipe e Tiago Brendle, ninguém foi e nem será capaz de cuidar da camisa diferente da seleção masculina de voleibol com toda a maestria de Serginho.
Livre das dores nas costas, em 2015 foi convocado novamente por Bernardinho para solucionar os problemas de recepção que o time estava enfrentando. Agora, aos 40 anos, consegue disputar em alto nível a Liga Mundial – e com a mesma naturalidade de 10 anos atrás. Na Olimpíada do Rio, se tornou o jogador mais experiente da seleção e o maior medalhista brasileiro da modalidade. Com currículo invejável, Serginho se tornou multicampeão pela seleção. Três medalhas olímpicas – um ouro e duas pratas –, duas Copas do Mundo, sete Ligas Mundiais e outro feitos contemplam a história do camisa 10, que se confunde à história da seleção mais vitoriosa do país.
Inventando o líbero, além de ter conseguido deixar o jogo com mais ralis, a FIVB abriu espaço para o aparecimento de uma lenda: Serginho, o maior de todos os tempos.
*ZHESPORTES