Na última semana, participei de um workshop organizado pela Comissão Nacional de Arbitragem da CBF. Voltei do Rio com duas convicções. A primeira é de que há preocupação com a melhora da qualidade do apito. A segunda, diretamente ligada à primeira, é que vem aí uma revolução no futebol. O uso da tecnologia em favor da arbitragem está perto de ser colocado em prática.
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A CBF já deu início aos testes para utilização do árbitro de vídeo. A novidade ainda não será colocada em prática no futebol profissional neste ano, mas estará em pleno funcionamento em 2017. O árbitro de vídeo será responsável por analisar imagens e auxiliar a equipe de arbitragem dentro de campo.
Com isso, o objetivo será o de corrigir erros em lances claros e indiscutíveis, que não exijam interpretação, e que alterem ou possam alterar diretamente os resultados das partidas, como gols, pênaltis, impedimentos e medidas disciplinares que envolvam aplicação do cartão vermelho.
Ressalto que lances duvidosos ou interpretativos não se enquadram na nova regra. Quem é contra a tecnologia por achar que isso vai zerar a possibilidade de equívocos e tirar a graça do futebol, pode ficar tranquilo. Erros continuarão acontecendo. A grande notícia é que os problemas serão minimizados sensivelmente.
Dou voz a um argumento da CBF em defesa do árbitro de vídeo. Uma mudança cultural será incentivada. Os "malandros" que gostam de simular faltas, agredir adversários ou tentar de enganar a arbitragem, estarão sendo vigiados. A presença de um árbitro que tem acesso às imagens vai ao menos inibir condutas ilegais. A postura do atleta precisará mudar. Ao contrário do que muita gente pensa, a tecnologia pode dinamizar o jogo.
Um exemplo está na eliminação do Brasil da Copa América. Após o gol de mão do jogador do Peru, a arbitragem teve dúvida. Levou cinco minutos para reiniciar o jogo. E errou! Se a imagem tivesse sido verificada, o problema estaria resolvido em 30 segundos. E a decisão correta seria tomada. Sem falar que o jogador pensaria duas vezes antes de tocar a bola com o braço – afinal a desonestidade teria contra si uma arma quase infalível.
Há algum tempo, digo que não é justo que o mundo todo saiba que um gol foi irregular e somente o árbitro não tenha esse recurso. Não podemos mais aceitar jogos decididos em erros claros. Parecia que esse dia nunca chegaria. Finalmente, o futebol do futuro chegou.
*ZHESPORTES