Airton Fagundes está contente. No dia 23 de janeiro, levou o Cruzeiro ao título da tradicional Copa Santiago, que este ano chegou à 28 edição. É a primeira vez que o clube da cidade-sede conquista a competição, e por isso a empolgação. Airton, eleito o melhor técnico, só não festeja mais porque o trabalho vencedor não terá continuidade.
- Agora cada um vai para o seu lado - lamenta.
Não é difícil entender o porquê, mas contextualizar a história ajuda a entender também a maneira como o clube chegou à inédita conquista: foi a partir de algumas ligações telefônicas que o troféu começo a ser erguido. Ex-volante de Caxias, São Luiz e Inter-SM, além de outros clubes do Interior, Airton tem uma boa agenda de contatos. E foi dela que se valeu para iniciar a montagem do grupo entre outubro e novembro.
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Com essa estratégia, conseguiu mais da metade do time com atletas do Fragata, clube de base pelotense comandado por Emerson, ex-volante da Seleção Brasileira. Quantidade semelhante, Airton não consegue precisar o número no momento da entrevista, foram buscados no Ivoti. Mas os 22 atletas do grupo inscritos na Copa Santiago chegaram também de outros lugares. Por exemplo: Airton notou a necessidade de alguém para vestir a camisa 1. Aproveitou a relação de 15 jogadores oferecidos pelo Juventude e ficou com o goleiro; Willian, que se tornou o menos vazado na competição, e agora de volta para o Alfredo Jaconi. Do Passo Fundo, Inter-SM e Riograndense também chegaram reforços para o Cruzeiro, que teve poucos jogadores realmente cruzeirenses.
- A Copa Santiago dá muita visibilidade por envolver clubes grandes, empresários, técnico da seleção (Carlos Amadeu, técnico da sub-17, acompanhou os jogos), então muita gente quer jogar e achar um time. Até uma semana antes da competição os caras querem oferecer jogadores. Foram 50 nomes oferecidos, não tem como, apenas agradeço - diz.
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Por contar com jogadores de vários clubes do Estado - e é assim desde que Airton foi convidado para treinar o time, em 2014 -, o Cruzeiro chegou à Copa Santiago com status, de certa forma, de seleção gaúcha. Faltava treinar. Em 30 dias, alguns amistosos contra jogadores profissionais, alguns já aposentados, prepararam de modo improvisado a equipe.
- O time encaixou na competição, mesmo - admite. Depois de dar adeus aos atletas, Airton pensa nas férias. Em fevereiro, descansará. Em março, retornará à ativa, mas para treinar o sub-15. O time sub-17 não existe mais. Volta apenas em 2017.
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Quem colherá os frutos
Dono do Fragata, Emerson é quem poderá colher frutos da campanha vitoriosa do Cruzeiro. Dos jogadores que emprestou, três foram escolhidos para a seleção da Copa Santiago: o lateral-direito Lucas, o zagueiro Douglas Alemão e o volante Rafinha. Como não conta com a categoria júnior no Fragata, Emerson e os dirigentes do clube comemoram a valorização dos atletas na competição de Santiago. Dentro de pouco tempo, poderão acertar o repasse dos jogadores para outras equipes.
- Esses meninos que se destacaram claro que já têm um certo assédio, até de clubes grandes do futebol brasileiro - comenta. O ganho dos pelotenses, com negócios assim, surge em vendas futuras.
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Campeão da Copa Santiago, técnico do Cruzeiro lamenta: "Agora cada um vai para o seu lado"
Renan Turra
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