
Paulo Cásar Tinga, hoje aposentado, iniciou a sua história no futebol no Grêmio. Depois de ir para o exterior, voltou a jogar em Porto Alegre, dessa vez defendendo o Inter. Com o colorado, foi campeão da Libertadores em 2006 e 2010. O ex-jogador foi o convidado do Paredão do Guerrinha deste sábado (14), e relembrou sua trajetória no esporte.
"Minha vida foi muito intensa, então esses 37 anos valeram por muitos. Tive oportunidade de transitar em tudo que é lugar, em várias condições. Vivi de chinelo de dedo à gravata e vivo até hoje. Transito em tudo que é lugar e isso me levou a tão rapidamente crescer em vários aspectos", analisou.
Tinga sempre chamou a atenção na Restinga, bairro em que foi criado, por causa de seu talento no futebol. Mas depois de três tentativas frustradas de entrar nas categorias de base do seu time do coração, rumou para o rival.
"Eu era o pequeno, o mais chato, o metido a liderar. E eu fiz três testes no Inter, rodei os três. E sempre diziam na Restinga que eu ia jogar, que era um dos melhores lá, que eu tinha que ir para um clube. Eu sempre fazia teste e acabei rodando nos três. Em um teste que fiz no Grêmio acabei passando e aí o sonho começou a se tornar real", revelou.
Apesar de não ter começado a jogar onde queria, não esquece onde começou a carreira e é muito agradecido ao Grêmio.
"Minha formação de homem começou dentro do Grêmio, por isso eu tenho essa gratidão enorme pelo clube. Mesmo que todo mundo saiba da minha infância colorada e do meu relacionamento com o Inter até hoje, jamais vou esquecer. O Grêmio me abriu as portas, me deu a oportunidade de começar a estudar", recordou.
Tinga chegou ao Inter em 2005, fez parte da campanha do vice-campeonato brasileiro e, no ano seguinte, conquistou o título da Libertadores pelo clube. Foi decisivo ao marcar um gol na final contra o São Paulo e relembrou uma história curiosa. Ele foi expulso por tirar a camisa e sofreu muito nos minutos finais do jogo.
"Um dia antes, eu estava dormindo e não sei se foi sonho, ou minha imaginação, mas eu liguei pra minha mulher e falei pra ela fazer uma camisa que eu ia fazer um gol. Eu não era um cara de fazer muitos gols, mas eu comecei a pensar em relação a 2005, que poderia ter ganho e eu participei de um lance que foi decisivo e comecei a imaginar. Eu tinha a impressão, era pensamento meu que eu ia fazer um gol, mas não sabia que eu ia estar com cartão amarelo. Eu aprendi muito com aquele gol e com aqueles minutos finais no vestiário. Aquilo ali foi um dos maiores aprendizados que eu tive na minha vida. Aqueles 15 minutos finais eram o momento que ia definir se eu ia ser um ídolo ou um cara que jogou no Grêmio e acabou com um sonho", relembrou.