"Brasilianer? Toll! Und was machst du hier?" (Brasileiro? Legal! E o que tu fazes aqui?). A resposta, definitivamente, não era "buscar explicações para o nem tão inexplicável 7 a 1..." Mas, como bom fã de futebol, a intenção estava mais para simplesmente ver de perto a jogos da Bundesliga, o campeonato nacional com maior média de público no mundo - para depois concluir que o nosso problema não está nas nossas belas e recém-inauguradas arenas.
Alemão para futebol ver e aplaudir: um giro pelas características dos estádios
Futebol para alemão ver e aplaudir: confira os jogos vistos de perto pela reportagem
Foram quatro meses de Alemanha, e cinco partidas de futebol, em três estádios. De primeira, segunda e terceira divisões. O que mais me chamou atenção? Em primeiro lugar, a pacificidade de um público embriagado que, mesmo que etílica e perceptivelmente alterado, canta e celebra a vida nos finais de semana de rodada com baixíssimo índice de violência e média de 42.885 espectadores na temporada 2014/2015 - a segunda maior em 52 anos de história.
Mas não se engane. Nem tudo são flores. Um clássico entre Borussia Dortmund e Schalke 04, o Gre-Nal deles, mobiliza batalhões policiais inteiros. No último, em fevereiro, torcedores do Schalke tiveram a "brilhante" ideia de tentar entrar no Westfalenstadion, em Dortmund, sem ingresso. Preparada, a polícia segurou a onda.
Em um país historicamente dividido por sociais-democratas e conservadores, o futebol não se distancia quando a rivalidade é política. Batalhões também são mobilizados quando há partidas entre, por exemplo, Union Berlin ou St. Pauli - times da classe operária de Berlim e Hamburgo, respectivamente - contra o Dynamo Dresden, com seus "ultras" (torcedores organizados) conhecidos pela simpatia à extrema direita.
O fato é que nossas modernas arenas não devem nada aos estádios alemães, pelo menos internamente. O que nos falta é uma melhora significativa nos aspectos urbanísticos e sociais. Todo estádio, na Alemanha, é muito bem conectado ao transporte público, seja de ônibus, trem, metrô ou bonde. Isso permite que as pessoas bebam e se divirtam tranquilamente e voltem para casa com segurança.
Não imagine que 25, 30 ou 80 mil alemães vão se comportar como monges. Mas, mesmo sob efeito de álcool, o bom comportamento é regra. Há, claro, gritaria, algazarra, urinas em árvores e lixo. Mas tudo parece mais tranquilo, mais calmo, mais discreto, mais civilizado - provocar ou cantar as inúmeras mulheres que frequentam os estádios ou ser assaltado são cartas fora do baralho, um nítido reflexo do que acontece nas ruas.
Exemplo dentro e fora de campo
Futebol para alemão ver e aplaudir: uma experiência nas arquibancadas da Bundesliga
Começa neste final de semana o campeonato de futebol com maior média de público do mundo. Repórter de ZH conta como é o futebol nos estádios germânicos
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