Para o Sindicato dos Atletas Profissionais do RS, dois dados chamam a atenção. O primeiro é o baixo número de atletas que seguem no mesmo time pelo qual jogaram no Gauchão. Para o presidente da entidade, Paulo Cesar Mocellin, a informação comprova que não há qualquer planejamento de longo prazo entre os clubes.
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Os 31% de desempregados após o Estadual também assustam. Segundo o advogado Décio Neuhaus, coordenador jurídico do sindicato, o percentual aponta para um "descarte de homens".
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- É como mercadoria. Usa até enquanto serve e depois põe fora - comenta.
O sindicato tem um termo para definir os lugares em que a maioria dos atletas vai quando acaba o Gauchão: "futebol de subsistência". Trata-se das divisões inferiores tanto do Rio Grande do Sul quanto de fora.
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- Muitas vezes os salários acordados não são pagos e as situações em que vivem são precárias - diz Mocellin.
Outra dificuldade reclamada pela entidade é a dificuldade de ter acesso a dados dos atletas. A mudança no sistema de registro tornou quase impossível acompanhar um atleta. O BID só apresenta os dados do dia, sem a função cumulativa, que facilitaria a pesquisa.
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Para eles, duas mudanças são necessárias - e urgentes. A primeira é a necessidade de mais transparência na CBF no setor de transferências e registros. A segunda, e mais complicada, é a elaboração de um novo calendário nacional de competições, que permita que os times do Interior joguem durante todo o ano.
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Três perguntas para Lúcio Flávio, meia do Coritiba, representante do Bom Senso F.C.
Qual a posição do Bom Senso sobre esta situação?
Definimos como lamentável. O certo é termos calendário anual para todos os clubes profissionais. Não é somente no Rio Grande do Sul, isso afeta todos os estados. A culpa disso é das entidades de administração do futebol, especialmente a CBF, que é o órgão máximo.
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Como mudar o quadro?
Democratizando as decisões. Estabelecendo a participação de atletas nos órgãos de deliberação da CBF e das federações. Assim teremos uma oxigenação das propostas e voz para apresentar outras propostas.
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Qual o modelo para alterar isso?
Em 2014, o Bom Senso elaborou uma proposta de calendário com campeonatos estaduais, regionais, Copa do Brasil e cinco divisões nacionais. Assim poderíamos oferecer calendário anual para cerca de 600 equipes profissionais.
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