O Brasil de Farroupilha, mais uma vez, bateu na trave em sua nova busca para retornar à elite do futebol gaúcho. Embora seja apaixonado pelo clube, esse texto não é escrito no calor da derrota e tampouco deve ser interpretado como uma desculpa pelo novo insucesso.
Ele é um retrato fiel do que ocorre com os clubes do interior do Estado, que estão largados à própria sorte, sem nenhum respaldo da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
Essa elitização do Gauchão, que busca uma competição com 12 times, está acabando com o futebol do Interior. Sei que há restrições no calendário por conta do Brasileirão em pontos corridos, mas sou um saudosista, do tempo em que o estadual era disputado por 20, 24 equipes.
O modelo, por óbvio, não pode mais ser realizado, mas seria possível conciliar uma competição mais enxuta, na abertura da temporada, com outra mais extensa, que habilitaria os melhores para a primeira.
Assim, de maio a dezembro, os clubes do Interior disputariam o Gauchão com, digamos, 20 equipes, jogos em turno e returno, pontos corridos, enfim, a fórmula é passível de discussão. Os melhores: cinco, seis, sete times, estariam habilitados a uma espécie de SuperGauchão, com a participação da dupla Gre-Nal, Ca-Ju, do Brasil de Pelotas e de eventualmente outra equipe gaúcha que tivesse no calendário nacional. Estas, claro, não ingressariam na disputa do segundo semestre.
O calendário do futebol gaúcho para os clubes da Divisão de Acesso acabou há dois domingos. Por que então não transformar o Acesso em Gauchão, classificando os melhores para duelar com a Dupla?
Essas Copinhas do segundo semestre, organizadas pela FGF, vamos combinar, não valem nada. Tanto que a maioria dos clubes opta por não participar. A medida só apresentaria vantagens. Se fosse adotado o modelo proposto, as agremiações teriam atividade durante todo o ano e movimentariam o mercado. Zero Hora fez recentemente uma ampla reportagem que mostrou as dificuldades dos atletas em conseguirem clube.
Convenhamos, não é algo tão difícil de ser implementado. É, além de fácil, lógico. Basta boa vontade política. Passou da hora de federação olhar com mais atenção para os clubes do Interior. Se eles forem fortalecidos e valorizados, não tenho a menor dúvida, o futebol gaúcho sairá ganhando.
E é isso que todos nós desejamos.