*ZHESPORTES
Está tudo muito claro no âmbito macro desta lava de corrupção que saiu de um vulcão chamado Fifa e agora começa a devastar os arredores. Joseph Blatter tinha o controle absoluto do colégio eleitoral viciado e comprado da entidade, conforme investigação do FBI. Jamais abandonaria o cargo não tivessem os patrocinadores planetários e bilionários o colocado na parede, com mais ênfase após a descoberta que o secretário geral Jérôme Valcke, seu braço direito, andou enviando US$ 10 milhões em agrados para amigos na Concacaf, durante o processo de escolha da Copa de 2010, na África do Sul.
Aí virou batom na cueca: como explicar, se os dois, Blatter e Valcke, são gêmeos siameses na Fifa? As grandes marcas entraram em pânico. E se o público as associasse à bandalheira toda? Quantos milhões de euros e de dólares escorreriam pelo ralo? E se suas concorrentes insinuassem cumplicidade? O lucro está no centro de cada movimento de xadrez.
Repete-se o enredo agora, na CBF. José Maria Marin está preso, e Marco Polo Del Nero é seu fiel escudeiro.
Não foi acaso Ronaldo ter pedido a renúncia de Nero em evento de uma patrocinadora da entidade, com banner atrás e tudo. Ele foi orientado. Ronaldo foi zoado nas redes sociais por ter tirado fotos com José Maria Marin não faz muito, todo sorridente. Mas esta mudança despudorada é prova. O poder econômico que mantém Nero no comando, e que manteve seus antecessores no mesmo trono durante décadas, não o quer mais lá. Assim como Blatter em escala mundial, ele tem maioria nas federações estaduais sob forma de claque, mas já percebeu que antigos aliados estão virando as costas.
Talvez sua situação seja ainda pior, já que Blatter não está citado no relatório do FBI. O nome de Nero também não está, mas há algumas pistas que, embora não sejam, entram no caldeirão que pode incomodar patrocinadores acerca da imagem de suas marcas, reforçando na CBF o cenário que acuou Blatter. Fala-se em propina, enviada para uma fabricante inglesa de iates, por uma empresa de marketing esportivo brasileira, que, a partir deste ano, comercializa a Copa do Brasil.
O período coincidiria com as aparições animadas de Nero - no melhor estilo de seu xará romano - em embarcações do gênero com lindas mulheres, o que lhe rendeu notas em colunas sociais. O universo masculino o aplaudiu em peso, inclusive. Insisto que isso, por si só, não prova nada, até por não citar nomes, mas o FBI entende que tem algo esquisito aí. Do contrário, não incluiria no relatório. Não oferecia elementos que induzem a uma conclusão, enquanto segue investigando.
Enquanto torcemos para o efeito cascata do mar de lama da Fifa avançar de vez sobre suas afiliadas, uma curiosidade me consome. E a dona Lúcia, do 7 a 1? Por mais que escarafunche o noticiário, não encontro nada a respeito. Será que até ela abandonou a CBF? Nem um e-mail, como aquele lido pelo Parreira após a tunda da Alemanha? Talvez seja a última cartada de Marin, Nero e a patota toda.
Chamem a Dona Lúcia.
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