Joseph Blatter anunciou na terça-feira que deixará a presidência da Fifa. Ato inesperado e que mexe com a estrutura do futebol mundial. Se Blatter, que até agora parecia fortalecido após a reeleição na sexta-feira passada, não resistiu, não seria leviano imaginar que algo semelhante poderia ocorrer na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) após o início da CPI do Futebol.
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Até o momento, o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, não teve seu nome ligado às denúncias da Justiça americana, que deteve, entre outros, o ex-mandatário da CBF, José Maria Marin. Porém, um dos relatórios da investigação indica que um dirigente do alto escalão da entidade brasileira, da Conmebol e da Fifa, estaria envolvido. Perfil que se encaixa com Del Nero, que afirmou não ter envolvimento.
Se Del Nero sair, o poder do futebol nacional ficará com Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF) e o vice mais velho na linha de sucessão da CBF.
A CPI do Futebol investigará as relações das federações com a CBF, mas Delfim diz não temer.
- Estou tranquilo. Agora, nesses assuntos sempre têm política e o governo está atento. Mas tem uma coisa, a CBF e as federações são instituições privadas - afirma.
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Há 30 anos na FCF, Delfim acredita que a saída de Blatter da Fifa após 18 anos será positiva, pois ele teria problemas para governar após o secretário-geral, Jérôme Valcke, ser acusado de ser intermediário para o pagamento de propina para a África do Sul sediar a Copa-2010.
- A situação ficou insustentável. Dizer que não tem nada a ver com um homem de confiança é difícil. Para o futebol é bom (Blatter sair), até para acabar com todos esses rolos - diz.
Entrevista: "Não quero ser presidente"
O senador Romário afirmou no Twitter que Del Nero estaria pedindo apoio para as federações. Ele ligou para o senhor?
Para mim não pediu. Deve estar pedindo. Mas para mim e para as federações gaúcha e carioca ele não pediu.
Qual o seu relacionamento com Del Nero?
Cordial. Nunca tive nenhum problema. O relacionamento que eu tinha com o Marin era muito maior, o conheço há mais de 40 anos, da época da política.
Com a repercussão das investigações, o senhor tem expectativa de assumir a CBF?
Não tenho expectativa nenhuma. Eu nunca quis nem ser vice. Foi mais um pedido do Marin para eu assumir. Como tinha ele como vice mais velho eu nem me preocupei. Se depender de mim, não quero ser presidente. Espero que não aconteça nada. Se acontecer, eu relutarei muito em assumir. O meu desejo é continuar aqui em Santa Catarina.
Os cenários possíveis:
Se o presidente da CBF renunciar
Se Marco Polo Del Neto renunciar, segundo o estatuto da CBF, assume o vice-presidente mais velho. Esse seria José Maria Marin, 83 anos, porém, como está detido na Suíça e banido pela Fifa do futebol por 90 dias, o cargo ficaria com Delfim, que tem 74.
Se Delfim não quiser assumir
Se o presidente da FCF não quiser assumir a CBF ele pode apenas renunciar para que o próximo candidato mais velho fique na presidência. No caso, Marcus Vicente, ex-presidente da Federação Cearense de Futebol, de 61 anos. Outra opção é chamar uma assembleia geral e convocar uma nova eleição.
Se os clubes se rebelarem
Os clubes brasileiros já estão se mobilizando para a criação de uma liga independente da CBF, que organizaria o Campeonato Brasileiro. Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético-PR, é quem lidera esse grupo e tenta angariar apoio. Se os clubes quiserem seguir com esse plano, eles precisarão da chancela da Fifa, como os clubes ingleses fizeram com a criação da Premier League.
Se o governo intervir
A CBF e as federações estaduais são consideradas instituições privadas, por isso, o Governo Federal não poderia se envolver. No entanto, com as investigações da Polícia Federal e da nova CPI do Futebol, o governo pode pressionar a CBF por mudanças.
SC no epicentro
Delfim apoia saída de Blatter na Fifa e não se vê próximo da presidência da CBF
"Não quero ser presidente", afirmou o cartola catarinense, que é vice da entidade
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