Antes de começar a temporada de 2000, Gustavo Kuerten sentou com o técnico e amigo Larri Passos para definir as metas do ano. Depois de ter surpreendido o mundo em 1997, ao vencer pela primeira vez Roland Garros, Guga estava em um momento de confirmação. Número cinco do ranking da ATP, o tenista catarinense sabia que podia chegar ao topo. Mesmo com adversários complicados pela frente como os americanos Pete Sampras e Andre Agassi. A caminhada para o primeiro lugar começou com duas importantes derrotas - sim derrotas. Ao perder para Sampras em Miami e para Magnus Norman em Roma o manezinho mais famoso do mundo conseguiu entender que sua estratégia tinha que mudar.
::: Há 15 anos, a derrota que levou Gustavo Kuerten ao topo do mundo
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Nascido na Suécia, Norman é apenas quatro meses mais velho que Guga. Quando o catarinense aos 13 anos conseguiu ficar em quinto no Orange Bowl - campeonato internacional - o campeão foi o sueco. Contemporâneos, os dois brigaram ponto a ponto na Corrida dos Campeões.
No Masters Series de Roma, há exatos 15 anos, Gustavo Kuerten e Magnus Norman se enfrentaram pela primeira vez em uma decisão. Um jogo extenuante onde o sueco levou a melhor vencendo o jogo por 3 sets a 1, com parciais de 6-3, 4-6, 6-4 e 6-4. Uma derrota que fez Guga melhorar sua estratégia no saibro.
- Eu briguei com o Norman até o meio do ano pela liderança. Essa final foi fundamental para reestabelecer o meu ritmo de vitórias no saibro - analisa Guga.
E o ritmo era dos melhores, pois um mês depois na final de Roland Garros ele derrotou Norman para ficar com o bicampeonato do Grand Slam francês.
Outra derrota importante para transformar Guga no melhor tenista do mundo foi na final do Masters de Miami - quando ele é derrotado por Sampras. Ali, ele encontrou uma forma de jogar contra o americano e definiu uma estratégia para o próximo encontro. O duelo foi na semifinal do Masters Cup de Portugal - competição que levou o manezinho ao top do ranking da ATP.
"Esse jogo com o Norman foi decidido em duas bolas"
Diário Catarinense - Como a derrota para o Norman te ajudou em Roland Garros?
Guga - Em termos de estratégia ajudou muito. Eu diria que a vitória em Hamburgo impulsionou mais. Mas Roma reestabeleceu o meu ritmo no saibro. Porque perdi na estreia de Monte Carlo e pelo desgaste não joguei em Barcelona. Então precisava de vitórias para chegar bem em Roland Garros. Esse jogo com o Norman foi decidido em duas bolas. Foi difícil para ele ganhar. Essa temporada foi bem cansativa.
DC - Inclusive você parou o jogo por dores nas costas.
Guga - Sim. Até final de 2001 quando o quadril começou a me incomodar o meu problema era as costas, uma coisa normal entre tenistas. Naquele ano teve a Corrida dos Campeões e não jogar Masters te fazia zerar no ranking. Eram muitos jogos. Antes de Roland Garros eu joguei 12 partidas em 14 dias porque cheguei na final de Roma e Hamburgo. Isso o teu corpo te cobra. Daquele ano oito ou 10 jogadores terminaram estourados por esse processo.
* Em 3 de dezembro, Gustavo Kuerten comemora os 15 anos da liderança do ranking de tênis. Até lá, o Diário Catarinense publicará matérias especiais. Identificadas pelo selo oficial do Guga.
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