O presidente reeleito da Fifa, Joseph Blatter, será interrogado pelo Ministério Público da Suíça nas investigações criminais sobre as suspeitas de compra de votos para as Copas do Mundo de 2018, na Rússia, e de 2022, no Catar. A informação foi publicada na edição deste domingo do jornal The Sunday Times.
Conforme a publicação britânica, Blatter é um dos 10 integrantes da Fifa que terão de prestar depoimento nos próximos meses. O jornal afirma que os procuradores suíços estão investigando, há mais de dois meses, uma má gestão criminosa e lavagem de dinheiro durante a votação, em 2010, para a escolha das sedes das Copas citadas.
Em entrevista, Blatter diz ser perseguido por americanos e ingleses
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Uma eventual condenação, segundo o Sunday Times, poderia implicar pena de sete anos de prisão. O inquérito da chamada Operação Darwin já levou à apreensão de documentos na sede da Fifa, em Zurique, e ao bloqueio de contas bancárias de executivos não identificados da entidade, enquanto os procuradores de preparam para interrogar Blatter e outros integrantes.
Ainda conforme a publicação, também podem ser chamados para depor o presidente da Uefa, Michel Platini, e Vitaly Mutko, ministro do Esporte da Rússia e membro da cúpula da Fifa.
Joseph Blatter foi reeleito pela quinta vez consecutiva à presidência da Fifa - cargo que ocupa desde 1998 - na última sexta-feira, derrotando o príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, que retirou a sua candidatura após o primeiro turno.
Em entrevista, Blatter fala em perseguição
O presidente da Fifa afirmou neste sábado, em entrevista à emissora de TV suíça RTS, que sofre perseguição da Inglaterra e dos Estados Unidos, e que não acha uma coincidência o fato do FBI ter detido sete dirigentes da entidade (entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marín) justamente na semana em que ocorreu a eleição para a presidência da Fifa.
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- Ninguém vai me convencer que foi uma simples coincidência esse ataque americano dois dias antes da eleição na Fifa. Principalmente depois da reação da Uefa e do senhor Platini. Ninguém vai tirar isso de mim - disse Blatter
Segundo o dirigente, tudo não passa de uma campanha para forçá-lo a sair da Fifa.
- Isso não cheira bem... Isso tocou em mim e na Fifa. Eles não tentaram só denegrir a minha imagem, mas também quiseram dizer que era "hora de ir". Eles não quiseram me matar politicamente, quiseram perturbar o Congresso - afirmou.
O presidente da Fifa disse ainda que se os cartolas presos nesta semana lesaram os cidadãos americanos, então estes só poderiam ter sido presos em solo americano.
- Os americanos foram candidatos para receberem a Copa do Mundo de 2022 e perderam, os ingleses foram candidatos para 2018 e também perderam. Então isso é realmente com a mídia inglesa e americana. Com todo respeito ao sistema judicial americano, se há um crime financeiro que afeta os americanos então eles devem prender essas pessoas lá, e não em Zurique - disse Blatter.
O suíço culpou principalmente a Europa, e disse ter sentido um "ódio" à sua figura por parte da Uefa. Blatter afirmou que perdoa as palavras de Platini, mas que não irá esquecê-las.
- Há um ódio, não só de uma pessoa da Uefa, mas de toda a organização. Não entendem que eu estou como presidente desde 1998. Eu perdoo todo mundo, mas não esqueço. Nós não podemos viver sem a Uefa, mas a Uefa não pode viver sem a gente - sentenciou Blatter.
*Zero Hora