Orgulhoso de si mesmo. É assim que uma das maiores apostas do tênis brasileiro traduz seu começo de temporada. Há três dias, o número dois do ranking juvenil fez história ao se sagrar o primeiro bicampeão da história do Banana Bowl, a Copa Mundial de Tênis Juvenil. Entretanto, sua boa fase não é recente.
Orlando Luz, o Orlandinho, com apenas 17 anos conquistou duas medalhas inéditas nos Jogos Olímpicos da Juventude em Nanquim: prata no simples e ouro nas duplas, ao lado do brasileiro Marcelo Zormann, com quem também conquistou o título nas duplas em Wimbledon. Além de seu primeiro título como profissional no Future IS Open São Paulo, ao lado de Fernando Romboli. E tudo isso em menos de um ano!
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Em Porto Alegre, o gaúcho natural de Carazinho busca outro feito: ser bicampeão da Copa Gerdau que está sendo disputada desde o dia 14 na Associação Leopoldina Juvenil. O campeonato vai até o 22 de março e a entrada é franca. Em sua estreia, na tarde desta terça-feira, o cabeça de chave passou sem problemas pelo peruano Guillermo Cabrera por 2 sets a 0 com parciais de 6/0 e 6/1. Mais tarde, ao lado do sérvio Miomir Kecmanovic, Orlandinho confirmou seu favoritismo também nas duplas vencendo os brasileiros Gabriel Boscardin Dias e Igor Régis Kroenlein Cantanhede por 2 sets a 0 com parciais de 6/0 e 6/2.
Entre um confronto e outro, o tenista teve um tempinho para atender a reportagem da Zero Hora. Confira a entrevista na íntegra:
Qual é a sensação de fazer história sendo tão novo? Conquistar duas medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude, ganhar o título de duplas em Wimbledon, o bicampeonato no Banana Bowl e, agora, busca o bi na Copa Gerdau. E tudo isso em menos de um ano.
Eu sinto um orgulho próprio. Com certeza foram poucas pessoas que conseguiram fazer isso e estou muito feliz de estar entrando para a história. No ano passado, ganhei o Banana Bowl e quebrei o tabu de 33 anos. Era o que todo mundo estava esperando há tempos, com um brasileiro ganhando. Estou muito, muito feliz. Me dediquei muito para isso e acabei ganhando. Esse ano eu voltei sabendo que teria que defender o título, era cabeça um e tinha o outro tabu de que ninguém havia sido bicampeão. Eu ganhei e fiquei muito feliz. Tive vários resultados bons, esse ano está começando bem.
Como está sendo esse começo de temporada? Apesar da desclassificação no Australian Open na primeira rodada, você teve bons resultados nos Estados Unidos. Como está sendo esse começo?
Está sendo um belo início de temporada. Esse resultado que tive na Austrália acabou não sendo muito bom. Eu me preparei muito e não consegui me adaptar muito bem com a minha raquete nova, acabei voltando para minha raquete antiga. Mas fui para os Estados Unidos, consegui uma semifinal em future e agora o bicampeonato do Banana Bowl. Acho que está voltando tudo ao normal e tudo para o melhor. Espero ter muitos resultados esse ano. Tem muito torneio por vir.
Foi difícil deixar de disputar o Rio Open e o Brasil Open para se preparar melhor, depois da desclassificação na Austrália?
Essa decisão não foi só minha. Meu treinador, meu pai e todo mundo tiveram uma participação. Eu não vinha em um bom momento, não estava com muita segurança para poder jogar e acabamos escolhendo os torneios nos Estados Unidos para readquirir a minha confiança. Claro que o sonho de toda pessoa, ainda mais na minha idade, é jogar um ATP 500 e um ATP 250. Claramente fiquei um pouco triste, mas sei que terei mais oportunidades e estarei bem preparado para as próximas.
No final do ano passado, junto com Fernando Romboli, você conquistou o primeiro título como profissional. Sabemos que você ainda tem mais um ano como juvenil e que esse período de transição, para o profissional, é um momento decisivo na tua carreira. Como está sendo? Você tem algum receio, algum medo?
A transição pra mim está sendo a parte mais difícil da minha carreira. Todo o jogador teme sempre, porque sai de um momento de muitas vitórias para muitas derrotas. E a pessoa que não souber administrar, acaba caindo fora. Tenho que continuar trabalhando muito, independente dos resultados. Felizmente para mim os resultados estão acontecendo. Meu título profissional foi duplas, mas estou trabalhando para conquistar um simples, já cheguei em uma semifinal. Sei claramente que pode acontecer tanto a derrota quanto a vitória, mas eu procuro estar evoluindo o nível a cada jogo sem pensar muito adiante.
E agora quais são os próximos passos? Tens alguma meta até o final do ano, como juvenil ou profissional?
A meta é sempre evoluir o nível. Não penso muito no ranking, claro que existem jogos que a gente quer fazer contra jogadores bem ranqueados para poder estar crescendo na carreira. Mas não é uma coisa que viso, eu viso a evolução mesmo e essa transição, que todo mundo sabe que é a mais difícil. Não é da noite para o dia que as coisas vão acontecer, é uma escola. Como o meu treinador sempre diz: "a gente precisa fazer a faculdade do tênis". Precisa de dois ou três anos jogando na ATP, para poder chegar bem lá na frente e eu estou confiante que vou conseguir.
Jogar em casa, no Rio Grande do Sul, é mais fácil?
Depende do momento. A torcida é sempre minha, fico muito feliz e adoro jogar em Porto Alegre. Esse clube tem as melhores quadras que eu já joguei, são muito parecidas com as de Roland Garros. A pressão existe um pouco, até porque todo mundo está esperando um bom resultado. Mas a gente fica muito muito feliz, a gente sente que o pessoal está valorizando bastante o nosso esforço.
Depois da Copa Gerdau, qual é a próxima competição?
Eu vou para a China para disputar o ITF Finals, onde jogam os oito melhores do ranking do ano passado. Acabando aqui (em Porto Alegre), eu já começo a me preparar porque o torneio já que lá a quadra é rápida.
Com todo esse foco, com toda essa dedicação ao tênis, sobra tempo pra sair com os amigos? Curtir a adolescência, namorar? Dá pra ser um adolescente normal?
É muito difícil. Foi uma opção que eu fiz, eu tenho que estar 100% focado na minha carreira. Estou muito feliz com a escolha que eu fiz. Mas a gente não pode deixar totalmente de lado, porque senão você acaba pirando. Tem que ter esse momento para estar com os amigos, para jantar com eles. Obviamente, que você vai acabar vendo eles saindo muito mais que você. Dias que você tem que treinar no outro dia e não pode sair, dias que você vai ter campeonato no aniversário do teu amigo. Sobre namorar, é muito difícil ter algo sério, porque tu não para em nenhum lugar. Então eu espero colher os frutos mais na frente. Estou fazendo de tudo para que minha carreira dê certo para aproveitar lá na frente.
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