Cinco policiais militares envolvidos no tumulto que causou a morte do torcedor do Novo Hamburgo Maicon Douglas de Lima, 16 anos, foram afastados do trabalho. Entre eles está o policial que admitiu ter atirado com munição comum durante a briga de torcidas, quando a orientação era usar balas de borracha.
O grupo foi afastado das funções ainda na segunda-feira e ficará à disposição dos responsáveis pela investigação do inquérito militar, procedimento instaurado pela BM para apurar a responsabilidade dos policiais na morte do adolescente.
O policial que admitiu ter atirado com munição comum, que pode ter atingido o torcedor, prestou depoimento à Polícia Civil na segunda-feira. Conforme o delegado titular da Delegacia de Homicídios de São Leopoldo, Vinicius do Valle, o PM alegou ter disparado porque se sentiu ameaçado pelo tumulto, em legítima defesa. O policial, que não teve o nome divulgado, pertence ao 25º BPM, de São Leopoldo.
Troca de projéteis é investigada
A Polícia Civil investiga, ainda, a suspeita de que uma das balas retiradas do corpo de Maicon teria sido trocada por PMs para confundir a apuração do caso. No Hospital Centenário, para onde o jovem foi levado, os médicos removeram uma das balas que o atingiram. O projétil, contudo, desapareceu e foi reapresentado pelos brigadianos horas depois.
Conforme o relato de funcionários do hospital, a bala teria sido trocada, uma vez que o projétil retirado do corpo do jovem teria marcas de sangue e o que foi entregue pelos PMs estaria com traços de concreto.
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O hospital forneceu à Polícia Civil imagens das câmeras de monitoramento da instituição que registraram o período de atendimento a Maicon. O delegado, contudo, afirma que a hipótese ainda não foi confirmada.
O tenente-coronel Rodrigues confirma que a BM também já foi informada sobre a possível troca de balas e que a suspeita será investigada no IPM. Caso a tentativa de fraude seja confirmada, a punição pode variar desde uma prisão até a expulsão da corporação.
Adolescente sonhava em ser jogador de futebol
Foto: Facebook, Reprodução
Rafael Supptitz, um dos fundadores da Paranóia, lembra que Maicon entrou para a torcida na época da fundação da organizada, há dois anos, após não passar em uma peneira do time de futebol de Novo Hamburgo.
Maicon sonhava em ser jogador de futebol e queria viajar com o clube. O adolescente estudava no Colégio 25 de Julho e trabalhava como servente de pedreiro.
Torcedores entraram em confronto no domingo
O tumulto ocorreu por volta das 21h30min de domingo, e envolveu torcedores do Novo Hamburgo e do Aimoré, em São Leopoldo. Os grupos entraram em confronto após a partida pelo Gauchão, que terminou empatada em 2 a 2. A confusão teria se iniciado na estação Santo Afonso do Trensurb, e se estendido até o bairro Santos Dumont.
A BM de São Leopoldo afirmou que, quando a viatura chegou ao local, ouviu ao menos 10 tiros. E, conforme a sala de operações, um policial também efetuou um disparo.
O torcedor do Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima, 16 anos, foi atingido por dois disparos nas costas e encaminhado ao Hospital Centenário de São Leopoldo, onde morreu.