Guardiola estava certo quando disse que o Milan marcaria pelo menos um gol no Camp Nou. A previsão do treinador do Barcelona estava certa, tão certa quanto está agora a classificação do clube espanhol para a sua quinta semifinal consecutiva de Liga dos Campeões. O placar por 3 a 1, com dois gols de pênalti de Messi e outro de Iniesta, garantiu uma vaga para enfrentar o vencedor do confronto entre Benfica e Chelsea.
O roteiro começou previsível. Massimo Allegri, treinador do Milan, comentou que sua equipe poderia jogar por dois tipos de resultado: a vitória e o empate. Respaldado pelo 0 a 0 no San Siro, o rossonero se postou na defesa. Apostou no velho estilo italiano da escola do "catenaccio", à espera de um erro do adversário, que dá origem à um contra-ataque preciso que deve terminar em gol. Na cabeça de Allegri, na pior das hipóteses um novo 0 a 0 levava para a prorrogação.
Tão previsível quanto a retranca do Milan foi a posse de bola estrondosa e massacrante do Barcelona. Logo nos primeiros minutos, o ritmo dos donos da casa fez com que os visitantes perdessem minuto a minuto terreno em seu próprio campo. Não precisava ser um observador mais atento para perceber que dentro da zona defensiva o time italiano postava oito jogadores. Resultado da pressão do Barça, que fez a linha média milanista recuar tanto ao ponto dela ser confundida com uma segunda linha de zagueiros.
As coisas estavam complicadas para o Milan. A prova disso é quando se observa um zagueiro com a categoria de Nesta ficar com a bola e não saber como sair jogando. O retrato de um time atordoado. Tão perturbado estava os defensores rossoneri que Antonini, perfeito na marcação na partida de ida, cometeu um pênalti infantil em Messi.
A jogada toda foi uma sequência de erros, a começar pela perda de bola de Mèxes para o próprio Messi. O argentino arrancou e tentou fazer a tabela com Fàbregas. A bola espirrou na defesa do Milan e sobrou de novo com o camisa 10. Foi quando Antonini, de forma atabalhoada, deu um carrinho por trás no melhor jogador do mundo. Pênalti claríssimo, que acabou convertido com muita categoria pelo maior craque do Barça. Gol número 50 de Messi em Liga dos Campeões.
Pairou sobre o Camp Nou a sensação de compromisso cumprido. Porém ainda faltava ser cumprida a previsão de Guardiola. No único ataque do Milan no primeiro tempo, Robinho deu belo passe para Ibrahimovic. O sueco achou uma brecha na defesa do Barça e encontrou Nocerino livre. Mascherano dava condição ao italiano, que tocou para vencer Valdés. O estádio emudeceu e o Milan estava naquele momento com a vaga nas semifinais.
O gol deu moral ao Milan. Só que no momento em que o time visitante começava a acreditar que poderia jogar de igual para igual aconteceu o lance capital da partida. O árbitro holandês Björn Kuipers marcou um controverso pênalti, enxergou o puxão na camisa de Nesta em Fàbregas. Embora tenha sido flagrante, é o tipo da infração que deveria ser marcada em todo tiro de canto se a regra for levada ao pé a letra.
Messi, que não tinha nada a ver com a polêmica, colocou a bola no fundo das redes. Foi o 14º tento do argentino na atual Liga dos Campeões, igualando o recorde do ítalo-brasileiro Altafini, de 1962/63 quando este defendia o próprio Milan, como o maior artilheiro em uma edição do torneio europeu.
O placar de 2 a 1, embora desse a vantagem ao Barcelona, dava margem à preocupações. Um novo gol do Milan dava de novo a vaga aos italianos. Temor que durou oito minutos, tempo em que Messi arrancou e tentou o arremate. A bola rebateu na zaga e sobrou para Iniesta marcar o terceiro dos catalães. Cabalisticamente, o gol no oitavo minuto foi marcado pelo camisa oito do Barça. Classificação carimbada.
Agora o adversário do Barcelona será outro osso duro de roer, o Bayern de Munique. A verdadeira prova de fogo para os homens de Guardiola. Os alemães jogam com o incentivo extra pelo fato da final da Liga dos Campeões nesta temporada ser na Allianz Arena, em Munique. Fora isso, estará em campo também a tradição de superação e de conseguir resultados imprevistos que são os traços históricos do futebol germânico.
Classificado
Barcelona vence no Camp Nou e elimina o Milan da Liga dos Campeões
Time italiano chegou a empatar, mas dentro de casa a equipe de Guardiola dominou a partida
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