Há quatro anos, João Derly, então bicampeão mundial do peso meio-leve (até 66kg), chegava à Olimpíada de Pequim como um dos astros da delegação nacional e favorito ao ouro. Hoje, um peso acima (leve, até 73kg), ele encara uma nova realidade. Fora da Seleção que irá aos Jogos de Londres, o gaúcho não sabe qual rumo tomará sua carreira. E nem se ela seguirá.
O judoca, que ainda defende a Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa), tem se dedicado a projetos sociais que mantém na capital gaúcha, sessões de fisioterapia e à família. A vida competitiva, porém, ainda segue em xeque.
- Ainda não consegui botar uma meta para me motivar. Mas talvez eu tente lutar mais um Campeonato Mundial (o de 2013 será no Rio). Posso ver se sai mais uma gordura - afirmou.
Em 2009 e 2010, Derly fez duas cirurgias no joelho esquerdo, para corrigir lesões no menisco e no ligamento cruzado. Pouco depois, fez artroscopia no joelho direito. A sequência no departamento médico minou a saúde e a confiança do judoca de 30 anos, que descarta ter condições de encarar mais um ciclo até a Olimpíada do Rio-2016.
- Se estivesse "zerado", pensaria no Rio. Não é impossível, mas é difícil. Uma pena. Triste é a palavra que define como me sinto - disse o judoca, que em Pequim foi batido na segunda luta por Pedro Cunha (POR).
Para tentar se reerguer no ciclo 2008-2011, Derly chegou a receber um apoio diferenciado da Confederação Brasileiro de Judô para tentar a vaga em Londres. Mesmo fora da Seleção, ele teve a chance de disputar torneios custeado pela entidade. Ainda assim, não obteve bons resultados - e viu Bruno Mendonça ficar com a vaga no peso leve para Londres.
Carreira de técnico
Sem motivação para retomar seu lugar na Seleção como lutador, João Derly pensa em continua na Confederação Brasileira (CBJ) de outra maneira. O bicampeão mundial disse já ter tido conversas com a entidade para atuar nos bastidores.
- Já falei com a CBJ de virar uma espécie de embaixador do judô em alguns locais.
Derly também revelou o desejo de se tornar técnico em um futuro próximo.
- Quero ter a chance de dar continuidade ao aprendizado que tive, e poder passar minha experiência adiante - disse.
Em certa medida, Derly já tem ajudado a lapidar talentos. Sua conterrânea Mayra Aguiar, atual líder do ranking mundial do peso meio pesado (até 78kg), costumava ser sparing dele entre 2005 e 2008, na Sogipa.
Aos 20 anos, Mayra soma duas medalhas em Campeonatos Mundiais (prata em Tóquio-2010 e bronze em Paris-2011), está garantida na Olimpíada de Londres e é uma das esperanças de medalha do Brasil.
- A Mayra foi meu sparing antes do Mundial do Cairo, em 2005, que venci, e hoje tem quebrado tabus. Ela será campeã olímpica.
Judô
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