A um dia do início dos Jogos Pan-Americanos, Guadalajara tem alternado força e fragilidade em seu programa de segurança. A onda de violência no México, provocada por confrontos entre narcotraficantes e os poderes públicos, fez com que fosse deslocado um contingente de 11 mil policiais para a segurança do evento. Mas nem tudo funciona como deveria. Todos os hotéis oficiais do Pan contam com aparelhos de raio X, além de proteção policial. Só que, em alguns, os agentes de segurança ainda não apareceram e as máquinas continuam desligadas.
A segurança na entrada das instalações esportivas também deixa a desejar. Se no treino da seleção brasileira de tênis de mesa os repórteres e suas bolsas foram revistados, para entrar no centro de imprensa, por vezes, nem é necessário mostrar as credenciais.
Até os responsáveis por garantir a segurança dos Jogos não conseguiram afinar o discurso. Ontem, o prefeito de Guadalajara, Jorge Aristóteles Sandoval, que é vice-presidente do Comitê Organizador do Pan-2011, foi repreendido pelo presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mario Vázquez Raña, após garantir que não ocorreriam episódios de violência durante as disputas.
- Não se deixem levar pelo discurso emocionado do prefeito. Não podemos assegurar que não vai acontecer nada. Nesses tempos, não há como adiantar nada - disse Raña. Em seguida, frisou que todas as medidas para resguardar a segurança foram tomadas pelas autoridades locais.
Uma das garantias apresentadas pelos poderes públicos de Guadalajara para tranquilizar os participantes dos Jogos é a de que tanto a cidade quanto o Estado a que pertence, Jalisco, não estão entre os mais violentos do México.
Apesar das falhas, o policiamento nas ruas e entradas das instalações é ostensivo. Policiais com armas de grosso calibre, a pé ou em carros, passaram a ser uma constante no cotidiano de Guadalajara.
Entenda o conflito
A violência no México
Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado recentemente, colocou o México entre os países mais violentos da América Latina. Em 2010, 20.585 pessoas foram assassinadas em seu território, o que representa uma taxa de 18,1 mortes a cada 100 mil habitantes.
Homicídios
A taxa de homicídios no país cresceu 65% nos últimos cinco anos, de acordo com a entidade. Essa porcentagem é menor apenas do que El Salvador (66%) e Honduras (82,1%). Quem está abaixo, por exemplo, são Venezuela (44%), Guatemala (41,4%), Colômbia (33,4%), Brasil (22,7%) e Panamá (21,6%). Os estados mais violentos, segundo a ONU, são Chihuahua, Baixa Califórnia, Sinaloa e Guerrero. Entre as cidades, destacam-se Ciudad Juárez e Tijuana.
As causas
Um dos principais motivos da violência no México é o crime organizado relacionado com o tráfico de drogas. O país serve como uma porta de entrada de substâncias ilegais para o vizinho Estados Unidos. Dentro do país, há conflitos entre grupos diferentes de narcotraficantes por disputa de território e entre o crime organizado e as forças do governo, que tentam a todo custo combater as irregularidades.
Notícia
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